SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Mais engajados na discussão de problemas básicos do país do que as gerações passadas, os jovens são importante engrenagem na construção de um país desenvolvido e, por isso, caberia a eles o papel de tomar a frente nas decisões, diz Wellington Vitorino, 28, diretor-executivo do Instituto Four. A entidade sem fins lucrativos apoia e capacita jovens com perfil de liderança.
"Não conheço nenhuma nação considerada estruturada no mundo que tenha se desenvolvido sem utilizar essa base da pirâmide para resolver os problemas básicos."
Dar suporte para o desenvolvimento de ideias inovadoras é o objetivo de Vitorino, idealizador do ProLíder, um dos maiores programas de formação de jovens lideranças do país. Desde que foi lançada, em 2016, a iniciativa já atendeu 4.000 jovens em todo o país.
O instituto desenvolveu o Four Summit -fórum de discussões econômicas inspirado na conferência de Davos- realizado em 2019.
A segunda edição do evento ocorreu nos dias 7 e 8 de setembro, em São Paulo, e contou com a presença de cerca de cem palestrantes e mil convidados com um público bastante diverso. O objetivo foi debater formas de pensar o Brasil sob as perspectivas da ética, liderança e educação, negócios e inovação e tecnologia.
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PERGUNTA - Qual o ganho social para essas pessoas quando se reúnem públicos de diferentes classes econômicas em um mesmo ambiente, proporcionando conexões entre públicos que, talvez, não conviveriam juntos?
WELLINGTON VITORINO - A integração cada vez maior entre as pessoas, independente da classe social, não é só um ganho individual. Todo o Brasil ganha.
Dessa forma, a gente consegue construir pontes entre classes diferentes, que funcionam como uma forma de intercâmbio.
Quando falamos em construção da sociedade, precisamos ter pessoas de diferentes realidades pensando juntas para resolver problemas dos grupos desfavorecidos.
P - Liderança, inovação e tecnologia são temas, tradicionalmente, discutidos pelas elites. Mas o público do Four Summit é bastante diverso. Você acha que o fato de não cobrar pelo ingresso ajudou nessa diversidade ou, mais do que isso, já é um reflexo de uma mudança cultural?
WV - Diversidade é um valor muito forte para minha instituição. Não foi pós-efeito da morte de George Floyd que a gente começou a discutir diversidade.
Na primeira edição do fórum vendemos ingressos, mas tinha o compromisso de reservar 10% para pessoas em lideranças que estão em regiões mais periféricas ou que são de comunidade indígenas. Mas esse público chegou a quase 20% na ocasião.
Nos esforçamos muitos para convidar as pessoas em quem acreditamos que poderiam contribuir para o debate. O Brasil não pode ser uma bolha que vai ser discutida só pelos empresários, ou só pelo terceiro setor, ou então só pelo meio público. O Brasil é muito mais do que isso.
O Four Summit nasceu com esse espírito. Nossa intenção é formar o novo Fórum Econômico Mundial. Estamos apenas na nossa segunda edição, mas pode ter certeza que daqui a cinco ou dez anos estaremos no top três dos principais fóruns do mundo.
P - Por que a diversidade tem papel importante quando se discute o futuro do país?
WV - O Brasil é um país muito diverso. Outras nações que conseguiram se organizar mais rapidamente são mais homogêneas. O que o Brasil tem de melhor, ele também tem de desafiador, que é colocar as pessoas diferentes numa mesma sintonia.
Óbvio, outras nações conseguiram avançar um pouco melhor do que nós. Em menos tempo, esses países conseguiram se organizar de uma maneira mais inclusiva e construir um país mais justo, mais próspero, mais igualitário e com maior acesso ao mercado de trabalho por meio da educação.
O Brasil ainda não conseguiu isso, embora tenha tido muitos avanços nos últimos 30 anos, principalmente após a Constituição de 1988.
Precisamos recuperar o prejuízo histórico. Nós paramos em alguns pedágios.
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