RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) - A Caixa Econômica Federal anunciou nesta segunda-feira (12) a ampliação de medidas destinadas para mulheres. As ações incluem taxas de crédito mais baixas, pausa nos pagamentos de prestações em caso de maternidade ou adoção e isenção de parte das tarifas de produtos do banco público.

A população feminina representa uma parcela do eleitorado na qual o presidente Jair Bolsonaro (PL) encontra resistência às vésperas das eleições de outubro. A pesquisa Datafolha mais recente indicou que Bolsonaro é visto como o candidato que mais ataca as mulheres.

A ampliação das medidas da Caixa para as clientes foi divulgada em uma entrevista coletiva no Rio de Janeiro com a participação da presidente do banco, Daniella Marques.

"Hoje existe uma negligência do setor financeiro em relação à comunicação e ao estímulo às mulheres", disse Marques.

"A ideia aqui é abrir e absorver o potencial econômico que a mulher tem. Pela estatística, claramente não está absorvido em produtos financeiros. Isso tem espaço enorme para acontecer", emendou.

O evento marcou o aniversário de um mês do Caixa Pra Elas. O programa foi lançado em agosto com a promessa de ações de acolhimento, orientação financeira e atendimento exclusivo para o público feminino em agências e outros canais do banco.

A instituição indicou que, na modalidade pessoa física, as clientes que contratarem o CDC (Crédito Direto Caixa) terão 5% de desconto na taxa de juros. No consórcio para veículos leves, o desconto é de 10% sobre a taxa de administração.

O banco ainda anunciou medidas como a isenção de três meses na cesta de serviços da conta corrente, LCI (Letra de Crédito Imobiliário) com rentabilidade de até 1 ponto percentual a mais do que o CDI (Certificado de Depósito Interbancário) e Seguro Vida Mulher com isenção de pagamento em caso de câncer e indenização em caso de câncer de mama, ovário e útero.

Essas medidas já estão disponíveis, segundo o anúncio. O plano é torná-las permanentes, embora o banco tenha sinalizado que as ações serão reavaliadas de forma constante. A Caixa indicou que espera impacto financeiro positivo com a eventual incorporação de mais mulheres na clientela.

A Caixa diz que, até o final de setembro, o público feminino também contará com a possibilidade de pausa no pagamento por quatro meses na linha CDC, nos contratos de renegociação e no Crédito Pessoal Energia Renovável. A condição será válida, segundo a instituição, em casos de maternidade ou adoção.

Em contratos de financiamento imobiliário, será disponibilizado o pagamento parcial da prestação durante a licença maternidade (75% da parcela por seis meses), com incorporação do saldo devedor, se o contrato estiver inadimplente. Essa ação também deve ser implementada até o final de setembro.

A instituição afirma que gestantes poderão ser beneficiadas com carência de até seis meses para o início do pagamento das prestações na concessão de crédito habitacional SBPE (Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo).

Daniella Marques assumiu o comando da Caixa no início de julho em meio a uma crise no banco. Ela substituiu Pedro Guimarães, que deixou a presidência após virar alvo de denúncias de funcionárias por assédio sexual. Guimarães negou as acusações. Desde então, o banco reforçou ações voltadas para mulheres.

"Assumi o banco em meio a uma crise reputacional, ligada a denúncias em relação ao ex-presidente. A decisão do presidente Bolsonaro de afastar [Guimarães] não é no sentido de condenar, mas, sim, de termos independência nas apurações. Foi montada uma governança muito sólida, independente, rigorosa e permanente de apuração", afirmou Marques.

A presidente avaliou que o principal desafio do banco está relacionado à área digital. "A Caixa, por exemplo, ainda não abre conta corrente digital", disse. Segundo ela, a instituição está investindo na infraestrutura dessa área.

Marques ainda destacou avanços recentes da economia do país, como o aumento da ocupação no mercado de trabalho. Porém, reconheceu dificuldades como o alto endividamento dos brasileiros. Ela agradeceu a "confiança" de Bolsonaro em sua indicação.

"Depositou em mim a confiança e, principalmente, a autonomia para liderar um banco social de 161 anos de história [...]. Tenho tido independência e confiança para liderar esse projeto", relatou.


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