SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - As negociações no mercado financeiro global ainda refletiram nesta quinta-feira (15) as preocupações com um ambiente de juros altos nas principais economias e, consequentemente, menos favorável às aplicações em renda variável, como os mercados de ações.

Esse temor ganhou força na última terça (13), quando os Estados Unidos divulgaram que a inflação no país em agosto ficou acima do esperado.

No Brasil, o dólar comercial fechou em alta de 1,15%, cotado a R$ 5,2390. O real apresentava o pior retorno frente à moeda americana na comparação com divisas de outros países emergentes.

Na Bolsa de Valores brasileira, o índice Ibovespa caiu 0,54%, aos 109.953 pontos, acompanhando o recuo dos principais mercados de ações no exterior.

Em Nova York, o índice de referência S&P 500 caiu 1,13%. O indicador da Nasdaq perdeu 1,43%. O Dow Jones recuou 0,56%.

O dado mais recente de inflação nos EUA renovou os temores dos investidores acerca de uma alta de juros mais agressiva por parte do Federal Reserve (Fed), o banco central americano.

A inflação americana subiu 0,1% em agosto em relação a julho. No acumulado em 12 meses, a alta dos preços ficou em 8,3%.

Analistas de mercado esperavam que o CPI, sigla em inglês para índice de preços ao consumidor, mostrasse deflação de 0,1% no mês e, no acumulado em 12 meses, queda de 8,5% para 8,1%.

"A inflação persistente nos EUA levanta o alerta sobre a política monetária e a possibilidade de desaceleração da economia, tornando o mercado menos propenso à tomada de risco", comentou Leandro De Checci, analista da Clear Corretora.

Também exerceu pressão negativa sobre o Ibovespa a queda dos preços do petróleo, uma vez que a desvalorização da matéria-prima impacta as ações da Petrobras. Os papéis mais negociados da companhia cederam 0,19%.

O preço do barril do petróleo tipo Brent recuava 3,56% no fim da tarde desta quinta, cotado a US$ 90,75 (R$ 474). Um acordo entre empresas ferroviárias e sindicalistas nos Estados Unidos, intermediado pelo governo do presidente Joe Biden, pode ser o responsável por parte da queda, segundo o The Wall Street Journal.

A paralisação de trens cargueiros impediria entregas de carvão para geração de energia no país e aumentaria a demanda pelo óleo e por gás natural.

O preço da mercadoria ainda foi afetado pela informação de que o Departamento de Energia dos Estados Unidos não tem planos de reabastecer suas reserva

COMO A INFLAÇÃO NOS EUA AFETA O BRASIL

Os rumos da inflação americana são essenciais para a formação dos preços ao consumidor e dos juros também no Brasil. Isso vai além da pressão inflacionária exercida pela alta da taxa de câmbio sobre os valores de matérias-primas cotadas em dólar e das importações.

O custo do crédito no Brasil depende da taxa nos Estados Unidos. Para atrair e manter investimentos por aqui, o país precisa que seus títulos soberanos ofereçam juros suficientemente altos para compensar instabilidades políticas e econômicas.

Os juros americanos estão atualmente na casa dos 2,5%. No Brasil, a taxa básica Selic está em 13,75% ao ano.

Sem a redução esperada no CPI, o mercado passa a esperar que o Fed continue a aumentar com rapidez os juros no país.

Aumentar juros é uma medida adotada por bancos centrais para segurar a inflação. O crédito mais caro reduz a circulação de dinheiro, e os preços tendem a cair. Um efeito colateral é o aumento do desemprego. Nos Estados Unidos, porém, há quase duas vagas abertas para cada pessoa à procura de trabalho.

Na próxima quarta-feira (21), o Fed deverá divulgar um novo aumento da sua taxa de juros. O mercado esperava uma elevação entre 0,50 e 0,75 ponto percentual. Mas após a surpresa com a inflação de agosto, analistas consideram até mesmo um aumento de 1 ponto percentual.


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