SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Contrastando com o pessimismo global registrado pelos principais mercados de ações do planeta, a Bolsa de Valores brasileira entregou ganhos pelo segundo dia seguido nesta terça-feira (20).
Analistas apontam o Brasil como destino interessante para investidores enquanto as principais potências econômicas tentam domar a inflação acelerando juros, mas ainda sem darem sinais claros do tamanho do aperto ao crédito que será necessário para desacelerar os preços ao consumidor.
Nesta véspera de decisões de política monetária no Brasil e nos Estados Unidos, o índice de referência Ibovespa subiu 0,62%, aos 112.516 pontos. Na segunda-feira, o indicador havia saltado 2,33%.
Os bancos Itaú e Bradesco exerceram as principais influências positivas sobre o Ibovespa, com altas de 3,32% e 3,23%, respectivamente.
Na principal economia do planeta, o Fed (Federal Reserve, o banco central americano) divulgará nesta quarta-feira (21) a sua nova taxa de juros. Projeções de analistas apontam para uma forte elevação de 0,75 ponto percentual.
No Brasil, porém, predomina a avaliação de que o Banco Central local encerrará o ciclo de elevação da taxa Selic nesta quarta-feira (21), sem reajuste, mantendo o patamar de 13,75% ao ano. Um grupo minoritário considera um último ajuste de 0,25%.
"Dentro desse contexto [de preocupação com os juros no exterior], o Brasil vem se mostrando como uma excelente opção à tomada de risco na medida que os dados econômicos seguem apresentando melhora", comentou Leandro De Checchi, analista da Clear Corretora.
Alguns economistas apontaram que esse otimismo quanto ao Brasil foi reforçado pela notícia, na véspera, do apoio do ex-presidente do Banco Central Henrique Meirelles à candidatura do ex-presidente Lula (PT).
"Não há dúvida de que o apoio de Meirelles a Lula tem um impacto muito positivo no mercado", afirma Marco Krebs, professor de macroeconomia da Politécnica da UFRJ.
Em Nova York, os principais indicadores do mercado de ações americano terminaram o dia com perdas.
O Dow Jones, que acompanha o desempenho de 30 das maiores empresas dos Estados Unidos, caiu 1,01%. O S&P 500, parâmetro para as ações negociadas em Nova York, cedeu 1,13%. Focado em empresas de tecnologia com maior potencial de crescimento, o índice Nasdaq recuou 0,95%.
Também contrariando o movimento de alta global do dólar, o real ganhou valor frente a moeda americana nesta terça.
No fechamento do mercado de câmbio doméstico, o dólar comercial à vista recuou 0,21%, cotado a R$ 5,1530.
Diferente do que ocorreu em relação ao real, a divisa dos Estados Unidos ganhou força contra as principais moedas devido à expectativa de elevação dos juros americanos.
O sinal mais claro disso foi a alta do rendimento dos títulos do Tesouro americano com vencimento em dez anos, referência para esse mercado, que alcançou o maior patamar em uma década, conforme reportou o The Wall Street Journal.
Com o Fed subindo juros, há uma tendência de que investidores tirem recursos de aplicações ao redor do mundo e levem seus dólares para os títulos soberanos dos Estados Unidos, considerados um porto seguro em momentos de turbulência da economia global.
ROSSI DESABA 10% NA BOLSA APÓS PEDIDO DE RECUPERAÇÃO JUDICIAL
Um dia após ter apresentado um pedido de recuperação judicial, as ações da construtora Rossi Residencial desabaram 10,79% na B3, a Bolsa de Valores do Brasil.
Desde 2017, a construtora tenta quitar dívidas, que somam quase R$ 600 milhões, e retomar o fluxo de caixa. Entre os credores há funcionários, empresas de engenharia e instituições financeiras.
Os papéis da Rossi não fazem parte das cerca de 90 ações que integram o Ibovespa.
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