SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A AFBNDES (Associação de funcionários do BNDES) levou à Comissão de Ética Pública da Presidência da República uma denúncia contra o presidente do banco, Gustavo Montezano, por causa de uma fala do executivo em um evento do BTG em agosto.

"A classe política entendeu que, em vez de dar R$ 10 bilhões para uma empresa grande e ficar com o subsídio para ela mesma, você pode dar R$ 1 bilhão para mil empresas pequenas. É mais desenvolvimento social, mais desenvolvimento econômico e mais voto no final do dia", afirmou Montezano na ocasião.

Na denúncia, os funcionários apontam infração ética do presidente. Segundo eles, a fala de Montezano aponta que as políticas do banco para o setor teriam objetivo essencialmente eleitoral e de manipulação da máquina, ferindo o código de conduta da administração federal.

Os funcionários pedem a abertura de um processo de apuração e, se comprovadas as intenções de Montezano, sua demissão.

Procurado pelo Painel S.A., o BNDES diz, em nota, que a fala de Montezano foi retirada do contexto para oferecer conotação eleitoral e que a associação política apontada pelos funcionários não faz sentido.

O banco também afirma que essa é uma analogia recorrente do presidente para explicar os efeitos positivos de programas que democratizam o acesso ao crédito e que foram percebidos pelos políticos como uma política pública eficiente.

A fala de Montezano, que é próximo da família Bolsonaro e trabalhou no Ministério da Economia antes de ser indicado para o BNDES, veio no contexto em que ele dizia que o banco estava preparando uma nova rodada do Peac (Programa Emergencial de Acesso a Crédito).

O programa foi lançado em 2020 com o repasse de linhas de crédito disponibilizadas por instituições financeiras para apoiar pequenas e médias empresas durante o fechamento do comércio pela pandemia.


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