SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - As áreas comuns de empreendimentos financiados pelo programa Casa Verde e Amarela têm oferecido experiências antes só encontradas em projetos de médio e alto padrões.
Sala de jogos, espaço de coworking, academia, bicicletário, pet place e piscina estão em todos os lançamentos das construtoras de grande porte que também atuam no segmento de baixa renda.
"Temos que qualificar o produto para justificar o preço mais alto", diz Leonardo Mesquita da Cruz, vice-presidente comercial da Cury.
As construtoras disputam a atenção de famílias que se enquadram nos grupos mais altos do programa habitacional, cujo limite de renda é de até R$ 8.000. Para deixar o valor do imóvel acessível em meio à escalada de custos da construção civil, há uma redução da metragem das moradias.
Apartamentos de dois dormitórios -e cujos preços não podem ultrapassar os R$ 264 mil, teto do programa- são projetados com dimensões entre 35 m² e 45 m².
Segundo as construtoras, os materiais de alvenaria e acabamento pouco se diferenciam dos usados em imóveis mais caros -como há mais unidades por empreendimento, o custo é diluído. Um único condomínio chega a ter 800 moradias financiadas pelo Casa Verde e Amarela.
"Na área de lazer, não muda em nada. Acaba sendo difícil ver diferença entre um empreendimento de projeto habitacional e um de classe média alta", afirma Felipe Videira, diretor da CTV Construtora.
Área reservada para cachorros com ducha aquecida é uma das apostas da Árbore Engenharia para se diferenciar das grandes construtoras no segmento. "Os custos de construção atuais deixaram nossa margem apertada, e é preciso entender a necessidade do comprador. Até quadra de beach tennis e vaga para lavar o carro estamos colocando nos nossos empreendimentos", afirma Hugo Reichenbach, CEO da empresa.
No geral, as construtoras garantem ainda brinquedoteca, churrasqueira, espaço gourmet, playground e salão de festas, espaços mais tradicionais nos condomínios.
Além de baixar os custos da construção, ter centenas de apartamentos num mesmo terreno torna possível aos beneficiários do programa arcar com a taxa de condomínio para desfrutar dessas áreas de convivência.
"Depois que passamos por uma pandemia, o lazer se tornou indispensável, uma vez que o valor dado à moradia se tornou ainda mais importante", diz Christiane Dias, diretora da C.A.C Engenharia.
"Mesmo com os desafios, estamos conseguindo desenvolver produtos com diferenciais, e essa estratégia se reflete diretamente nos resultados de vendas", afirma Dias.
O investimento nas áreas de lazer mantém as empresas competitivas em um segmento de participação expressiva nos resultados do setor.
Segundo Luiz França, presidente da Abrainc (Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias), 77% das aquisições de imóveis em 2021 foram concretizadas devido aos benefícios do Casa Verde Amarela. O dado foi apurado pela Brain Inteligência Estratégica.
"O CVA e o alto padrão são os que sustentam o mercado hoje, a inflação travou a classe média", afirma Felipe Videira, diretor da CTV Construtora. A empresa ampliou seu foco no público do programa para viabilizar a construção de imóveis na zona norte do Rio.
Com novas atualizações no programa, um número maior de beneficiários terá acesso a taxas de juros imobiliários menores e maior prazo de financiamento.
A alteração ampliou o limite de renda do grupo intermediário. Antes essa faixa ia de R$ 2.600 a R$ 4.000, agora é de R$ 3.000 a R$ 4.400. Já no grupo 3, passou de R$ 4.000 a R$ 7.000 para R$ 4.400 a R$ 8.000.
A contratação do financiamento habitacional na Caixa por meio do programa foi de R$ 7,2 bilhões em agosto. Cerca de 40% a mais do que o registrado no mesmo mês de 2021, um ano histórico para o mercado imobiliário.
Esse potencial de crescimento das vendas nos grupos 2 e 3 do Casa Verde e Amarela coloca as construtoras no foco de investidores. Analistas de investimentos projetam forte impulso de ganhos nas ações dos principais players: Plano & Plano, MRV, Cury, Direcional e Tenda.
A Plano & Plano, que se concentra na região metropolitana de São Paulo, fechou o primeiro semestre deste ano com estoque de terrenos de 1,1 milhão de metros quadrados, com potencial de vendas de R$ 10,2 bilhões. São 16.598 apartamentos em construção.
A construtora Cury, com operações nas regiões metropolitanas de São Paulo e Rio, soma 17 lançamentos neste ano, com potencial de gerar R$ 2,6 bilhões em receita.
Já a Tenda foi impactada pelo aumento nos custos do cimento, do aço e de outras matérias-primas. "Por conta dessa realidade, tivemos que reduzir os lançamentos e reajustar preços para priorizar a recuperação das margens", afirma Luiz Maurício Garcia, diretor financeiro da empresa.
No 1º semestre de 2022, a construtora e incorporadora que atua no grupo 2 do CVA lançou 17 empreendimentos totalizando um valor de vendas de R$ 1.236,3 bilhões.
"Acreditamos que o acesso à moradia popular vai continuar sendo uma prioridade para 2023, independentemente do governo", diz Garcia.
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