RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) - O Ministério Público Eleitoral investiga denúncia de tentativa de compra de votos em São Miguel do Guamá (PA), a cerca de 150 quilômetros de Belém. A denúncia é baseada em vídeo no qual um empresário oferece R$ 200 a funcionários se o presidente Jair Bolsonaro (PL) se reeleger.

Segundo a CUT (Central Única dos Trabalhadores), o empresário é Maurício Lopes Fernandes Júnior, conhecido como "Da Lua" e proprietário de cerâmicas na região.

A reportagem não conseguiu contato com ele até a publicação deste texto.

Em um primeiro momento, o empresário afirma que as empresas do município vão fechar as portas em caso de vitória do candidato de oposição, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que venceu o primeiro turno com 47,91% dos votos válidos.

"A gente tem que se unir para que Lula não ganhe", afirma. "Por que se Lula ganhar, vocês podem ter certeza que mais da metade das cerâmicas de São Miguel vai fechar. Eu sou um que se ele ganhar, eu vou fechar as três cerâmicas que eu tenho porque ninguém vai aguentar o pepino que vem."

Depois, ele oferece dinheiro para convencer os funcionários a votarem em Bolsonaro e diz que um outro funcionário fará uma lista dos trabalhadores que participaram da conversa.

"Gleidsson vai pegar o nome de vocês, de todo mundo, tanto faz fichado, carteira assinada, sem carteira, carregador de caminhão, motorista de caminhão, todo mundo que tiver aqui ouvindo, quem quiser dar o nome, e se o presidente ganhar eleição, cada um vai ter R$ 200 no bolso logo no outro dia de manhã."

O Ministério Público Eleitoral informou, em nota, que "já recebeu o vídeo e adotou providências iniciais". Segundo o órgão, o caso foi enviado para a Polícia Federal abrir um procedimento policial para investigar a ocorrência.

Em tese, diz, o empresário estaria incorrendo em crimes previstos nos artigos 299 e 301 do Código Eleitoral.

O primeiro prevê pena de até quatro anos de reclusão e multa para quem "der, oferecer, prometer, solicitar ou receber, para si ou para outrem, dinheiro, dádiva, ou qualquer outra vantagem, para obter ou dar voto e para conseguir ou prometer abstenção, ainda que a oferta não seja aceita".

O segundo define a mesma pena para quem "usar de violência ou grave ameaça para coagir alguém a votar, ou não votar, em determinado candidato ou partido, ainda que os fins visados não sejam conseguidos".

Há uma semana, o MPT (Ministério Público do Trabalho) no Espírito Santo instaurou um inquérito civil para apurar a prática de assédio eleitoral na empresa Imetame, em Aracruz (ES), município a cerca de 85 quilômetros de Vitória.

Em um vídeo encaminhado à procuradoria regional, um homem, a quem o MPT identifica como sendo o empregador, diz a uma plateia formada por funcionários que, a depender de quem escolherem nas eleições deste ano, "não vai poder reclamar" se ficar sem emprego.


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