BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - O economista Persio Arida, um dos pais do Plano Real, declarou nesta quarta-feira (5) que, no segundo turno das eleições, vota no candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Em entrevista à reportagem, Arida disse que a principal razão está na sua constatação de que o presidente Jair Bolsonaro (PL) é um risco à estabilidade institucional do Brasil.
Ele afirma que também pesou em sua decisão o fato de a gestão bolsonarista não entregar o que prometeu na economia, bem como causar prejuízos ao meio ambiente, que deterioraram a imagem internacional do Brasil.
"Não existe, na minha opinião, uma justificativa para a permanência de Bolsonaro no poder", afirma Arida.
Historicamente ligado a gestões do PSDB, Arida foi presidente do BNDES e do Banco Central no governo de Fernando Henrique Cardoso. Sempre esteve no lado oposto ao do PT e é um crítico ao receituário do partido.
Em 2018, foi coordenador do programa econômico na campanha de Geraldo Alckmin (PSB), agora vice de Lula, e é economista de sua confiança.
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PERGUNTA - Por que o sr. decidiu abrir o seu voto em Lula?
PERSIO ARIDA - A principal razão é contribuir com a defesa da democracia, que é o nosso bem maior. Não é de agora que tenho dito que o Bolsonaro é um risco à estabilidade institucional e ao equilíbrio dos Poderes.
Mas há outras razões. O desempenho na economia foi muito ruim. Ele não entregou o que prometeu. Não fez abertura de mercado, nem reforma tributária, muito menos as privatizações que prometeu. A única privatização, a da Eletrobras, é a pior da história.
Não existe, na minha opinião, uma justificativa para a permanência de Bolsonaro no poder.
P - Mas Bolsonaro reforça nos últimos dias seus feitos na economia como grandes trunfos...
PA - Não vejo quais foram os seus grandes feitos. Até as contas públicas, que parecem melhores, não estão. Congelar salário de funcionalismo e deixar a inflação acontecer é um truque antigo, que o Brasil já fez muitas vezes. No entanto, depois, o combate à alta de preços tira o ganho inflacionário da receita, e o funcionalismo pressiona pelo aumento.
A reforma administrativa, que é a maneira efetiva para dar eficiência aos gastos do Estado, também não foi feita por Bolsonaro. Sem isso, não há redução permanente do déficit público.
P - São essas duas razões, então?
PA - Tem mais uma. Voto também no Lula por causa da minha preocupação com o ambiente. Eu tenho a esperança que a gente vai deixar de ser um pária entre as nações mais desenvolvidas quando Bolsonaro sair.
Faz parte da nossa responsabilidade perante o mundo, como parte da humanidade, zelar pela preservação do ambiente. Por outro lado, o Brasil tem uma oportunidade extraordinária quando se observa essa questão em nível internacional: atrair investimentos externos para se tornar uma potência ambiental, um líder.
Essa questão transcende o ambiente, é uma questão de posicionamento como nação.
Não teremos isso no governo Bolsonaro. Ele foi uma decepção para quem acreditou nele, mas não foi o meu caso, porque eu não acreditei.
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