SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O crescimento do PIB per capita brasileiro de 1820 a 1900 foi de 0,9% ao ano, mesma taxa registrada no período 1980-2021. O dado apresentado pelo economista Edmar Bacha representa um resultado superior à estagnação estimada pela historiografia econômica para a maior parte do século 19.
Junto com os economistas Guilherme Tombolo e Flávio Versiani, Bacha elaborou dois trabalhos: um revendo os dados do século 20, publicado no site do Iepe/Casa das Garças, e outro sobre o período que compreende a maior parte do Império brasileiro, que deve ser publicado em outubro.
Segundo Bacha, ao contrário do que diz a literatura econômica, o PIB per capita brasileiro não ficou estagnado no século 19 -cresceu na média mundial do período. Já o crescimento de 1900 a 1980 foi menor do que indicam os dados das Contas Nacionais.
A conclusão é que a diferença entre os dois períodos analisados é menor do que a estimada anteriormente: de 1,6 ponto percentual, metade da encontrada nos cálculos anteriores.
"O PIB per capita do século 19 não ficou estagnado, e o PIB de 1900 a 1980 não cresceu tanto assim", afirmou o economista nesta quinta (29) em evento na ABL (Academia Brasileira de Letras), instituição da qual ele faz parte, dentro do ciclo de conferências sobre o bicentenário da Independência do Brasil.
Segundo Bacha, estimativas anteriores apontavam crescimento acumulado de 25% de 1820 a 1890, reduzido para 0,1% quando se incorpora a última década do século 19, marcada por uma grave crise econômica no Brasil.
Os novos cálculos feitos pelos três economistas mostram expansão de 93% no acumulado até 1890, praticamente a mesma taxa da América Latina e resultado superior aos 77% da Europa ocidental.
No período de 1820 a 1900, incorporada a década da crise brasileira, o PIB per capita do Brasil cresceu 65%, ante 116% na média do continente latino americano e dos 100% dos europeus.
De acordo com o economista, a diferença nos cálculos se deve, principalmente, à mudança no índice de preço usado para deflacionar o PIB. Também foram revistas as variáveis indiretas usadas para medir o produto.
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