SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O resultado das urnas neste domingo (2), que trouxe a perspectiva de um segundo turno apertado entre Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PL), foi recebido com decepção entre os apoiadores da terceira via no empresariado, que preveem papel importante de Simone Tebet (MDB) nas próximas semanas. A expectativa é que o resultado alimentará instabilidade na política e na economia.

Entre os signatários de um manifesto de economistas e empresários que declarou apoio a Tebet em junho, ainda não há uma posição definida por um dos dois candidatos que ficam na disputa. A candidata emedebista ficou em terceiro lugar no primeiro turno.

"Perdemos a chance de eleger uma candidata com propostas muito bem estruturadas, representada por Simone Tebet, que poderia pôr fim a uma polarização maléfica, que certamente perdurará no próximo mandato, vença quem vencer o segundo turno", afirma Antonio Carlos Pipponzi, presidente do conselho de administração da gigante do varejo farmacêutico RaiaDrogasil.

Neste domingo, o Brasil se mostra "um país conservador e injusto", na opinião do empresário Horácio Lafer Piva, que foi um dos maiores entusiastas da terceira via no setor privado. Piva é um dos membros do trio de empresários, ao lado de Pedro Passos (Natura) e Pedro Wongtschowski (Ultrapar), que fez uma série de manifestações em defesa das instituições brasileiras nos últimos meses.

"E o paradoxo é que é a injustiça social que o faz assim. Respeito as urnas, lamento a incompetência das pesquisas, temo pela democracia e lutarei por ela", afirma Piva. Ele ressalva que o dia não foi agressivo, embora tenso, mas o mundo ficará intrigado, o que não é bom para a economia.

"Fomos surpreendidos com resultados que mostram que nossas análises estão falhas. Investidores não gostam de riscos, e assimetrias de informações não são boas. Precisarão de tempo para interpretar o que houve, e isto enfraquece oportunidades que o Brasil oferece", disse o empresário.

A executiva Maria Silvia Bastos Marques, ex-presidente do BNDES e do Goldman Sachs no Brasil, que também assinou o manifesto pró-Tebet em junho, afirma que "os grandes perdedores dessa eleição foram os institutos de pesquisa que erraram de forma muito significativa em todas as eleições". Para ela, os números podem ter gerado implicações sobre o voto dos eleitores.

Para Laércio Cosentino (Totvs), outro signatário, a única certeza neste momento é a de que os eleitores de Tebet e Ciro Gomes (PDT) irão decidir a eleição. "A influência de cada um dos dois no voto em segundo turno de seus eleitores será limitada, uma vez que a decisão será ideológica", afirma.


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