SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O presidente do grupo Natura&Co., Fabio Barbosa, se disse surpreso, "como a maioria", pela expressividade dos votos em Jair Bolsonaro (PL) no primeiro turno das eleições neste domingo (2) ?acima do que indicavam os institutos de pesquisa.

"Em parte credito este movimento ao voto envergonhado [em Bolsonaro], não detectado nas pesquisas, e em parte à postura do candidato Ciro Gomes [PDT] que, ao bater em Lula [PT], empurrou o eleitorado dele para Bolsonaro", afirma.

Quanto ao ex-presidente Lula, Barbosa afirma que chegou a hora de o PT dizer a que veio. "É preciso deixar mais claro o seu plano de governo", diz ele. "Isso [não ter mostrado o plano completo] pode ter lhe custado alguns votos também no primeiro turno."

A preferência do executivo era pela candidata do MDB, Simone Tebet, que ficou em terceiro lugar nas pesquisas, com 4,9 milhões de votos.

"As pessoas reclamavam da polarização, mas não precisava ser assim, sempre tivemos opção", diz ele, ressaltando que se trata de uma posição pessoal, que não reflete a do grupo Natura.

"Pelo que vimos do último debate, na quinta-feira [29], a situação não está fácil para o Brasil, levando-se em conta os dois primeiros colocados nas pesquisas", afirma, referindo-se ao ex-presidente Lula e ao atual presidente, Bolsonaro, que agora se enfrentam no segundo turno das eleições presidenciais.

COBRANÇA POR FLORESTAS QUEIMANDO

Barbosa ressalta que não há qualquer temor, por parte da empresa, de ser associada a bandeiras da esquerda. No intervalo do debate eleitoral, um comercial da empresa mostrou florestas da Amazônia queimando.

"A luta pela floresta em pé e pelos povos da Amazônia é uma defesa da Natura desde a sua fundação, em 1969", afirma.

O fato de não haver restrições sanitárias em 2023 é um fator muito positivo para os negócios no próximo ano, diz o executivo. "Mas existem vários fatores de preocupação no cenário internacional para o próximo ano: a guerra da Rússia na Ucrânia, o custo de energia na Europa e a taxa de juros dos Estados Unidos", afirma.

"Enquanto perdurar a guerra na Ucrânia, o cenário de incerteza global continua", afirma.

A multinacional brasileira é dona de quatro grandes marcas na área de cosméticos e perfumaria: a brasileira Natura, a americana Avon, a australiana Aesop e a britânica The Body Shop.


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