SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O dólar abriu a quarta-feira (5) em forte alta frente ao real, com investidores buscando segurança depois que um alívio nos temores de aperto monetário por parte dos principais bancos centrais do mundo provou ser de curta duração, enquanto, na cena local, o noticiário eleitoral continuava no radar.
Às 9h05 (de Brasília), o dólar à vista avançava 0,81%, a R$ 5,2095 na venda.
Na B3, às 9h05 (de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento subia 0,60%, a R$ 5,2385.
Nesta terça-feira (4), a moeda americana caiu ligeiramente após ter registrado na terça (3) o maior tombo em quatro anos devido à euforia do mercado com o resultado do primeiro turno das eleições presidenciais.
O dólar comercial à vista cedeu 0,13%, cotado a R$ 5,1690. Cabe destacar que, apesar das baixas recentes, o dólar segue em um patamar muito elevado até mesmo na comparação com as mínimas registradas em abril deste ano, na casa dos R$ 4,61.
No exterior, porém, a moeda americana teve uma forte queda em relação aos pares globais, segundo o índice DXY, que cedeu 1,4%. O dólar perdeu terreno conforme investidores se mostravam mais dispostos a trocar a segurança da renda fixa dos Estados Unidos por oportunidades nas Bolsas, muito desvalorizadas neste ano.
No mercado doméstico de ações, o índice Ibovespa subiu apenas 0,08%, aos 116.230 pontos. Referência da Bolsa de Valores Brasileira, o indicador havia registrado na véspera a maior alta diária em dois anos e meio. Ainda assim, segue abaixo das máximas de 2022, na casa dos 121 mil pontos, alcançadas em abril.
Piter Carvalho, economista da Valor Investimentos, descreve como normais movimentos de acomodação após um dia de forte movimentação nos mercados. "É esperado que ocorra esse tipo de respiro."
O mercado doméstico não conseguiu nesta sessão, porém, acompanhar a força do exterior. Os principais índices negociados no distrito financeiro nova-iorquino de Wall Street entregaram ganhos consistentes.
Parâmetro para a Bolsa de Nova York, o S&P 500 avançou 3,06%. O Dow Jones, que acompanha 30 grandes empresas dos Estados Unidos, subiu 2,80%.
A Nasdaq saltou 3,34%. Esse índice concentra empresas de tecnologia com grande potencial de crescimento e que foram as mais prejudicadas pela inflação que resultou na escalada histórica dos juros no país.
Analistas do mercado americano descrevem o movimento simplesmente como uma mudança na postura de investidores que decidiram iniciar o trimestre indo às compras em um cenário de ações fortemente desvalorizadas pela crise inflacionária e incertezas sobre uma potencial recessão.
Eles avaliam que números recentes podem indicar uma tendência de desaceleração da economia e que isso permitirá ao Fed (Federal Reserve, o banco central americano) reduzir o ritmo do aumento das suas taxas de juros, embora representantes da autoridade monetária venham afirmando o contrário.
Isso não significa que essa virada positiva nos mercados será duradoura, segundo Hani Redha, gerente de portfólio da PineBridge Investments. "Estivemos em um mercado em baixa durante todo o ano e temos essas corridas de mercado em baixa, que são muito típicas. Isso é apenas parte do curso", declarou ao The Wall Street Journal.
Esse tipo de movimento também foi descrito por Daniel Miraglia, economista-chefe da Integral Group. Ele explicou que os mercados não caem em linha reta e, no meio de um movimento de baixa, há respiros provocados por narrativas positivas nas quais investidores embarcam momentaneamente.
Para Carvalho, da Valor Investimentos, o mercado pode estar "entrando em uma armadilha" ao tentar emplacar uma narrativa de desaceleração dos juros. Mas ele avalia que investidores decidiram ir às compras porque "há muita liquidez no mercado", comentou. "Os gestores estão com dinheiro em caixa", disse. "É preciso tomar cuidado porque isso pode gerar volatilidade."
As ações europeias subiram acentuadamente. O índice Stoxx 600 fechou em alta de 3,12%, ampliando os ganhos pelo terceiro dia consecutivo e registrando sua melhor sessão desde meados de março.
Preços de referência do petróleo também subiam no encerramento desta terça, ainda refletindo a notícia de que a Opep (cartel de países produtores) e aliados liderados pela Rússia decidiram realizar um importante corte na produção.
O grupo quer apertar a oferta da matéria-prima para reforçar os preços, que caíram cerca de 20% no terceiro trimestre, o maior recuo desde o início da pandemia de Covid.
O barril do petróleo Brent era cotado a US$ 91,50 (R$ 470,35), com alta de 2,97%, após ter subido 1% na véspera.
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