SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - As bancas de flores de São Paulo continuam cheias e coloridas. Mas, olhando mais de perto, é possível ver algumas pétalas mais murchas em algumas delas. Sinal de que repor o estoque começa a se tornar um problema.
Os bloqueios feitos por golpistas nas estradas dificultam a chegada de entregas. "Ontem deveria ter vindo um caminhão, mas não veio. Vamos ver se conseguem chegar hoje [2]", conta Beatriz Silva, 24, que trabalha em dois estandes no Mercadão das Flores, na Vila Leopoldina, zona oeste de São Paulo. As plantas vem de Holambra e Ibiúna, no interior do estado.
Um dos produtos em falta no estande de Beatriz é o crisântemo, muito procurado no Dia de Finados, mas que não é bem-vindo por alguns comerciantes. A flor, associada a homenagens aos mortos, tem pouca saída fora da data.
"Para o fornecedor, [Finados] é a melhor festa. Eles aumentam [o preço] e a gente tem que comprar. Mas a margem é muito pequena e se não vender toma prejuízo", diz José Bonfim, 58, que trabalha em um estande na av. Dr. Arnaldo.
Vendedores dali contaram à reportagem que não tiveram faltas de estoque ainda, porque receberam as encomendas para o Dia de Finados com antecedência. Mas o movimento estava fraco até a hora do almoço. A cidade teve uma manhã de frio e chuva. Dentro do Cemitério do Araçá, havia raras flores frescas nas sepulturas.
A questão de quem fica com o prejuízo em caso de problemas na entrega tem respostas variadas. Alguns fornecedores se comprometem a compensar os comerciantes caso as flores cheguem danificadas ou murchas por problemas no caminho. Já em outros casos, o produtor não se responsabiliza, e cabe aos vendedores assimilar o prejuízo.
Até agora, os vendedores dizem não ter subido os preços e que a situação deve se normalizar caso as entregas voltem ao normal rapidamente. No entanto, mostram preocupação caso a crise se estenda.
"Estamos com plantas ainda, mas já são de estoque. Ainda dá para esperar alguns dias, mas depois disso começaria a complicar", diz Márcio Fumioka, 50, sócio de um estande no Mercadão das Flores. Ele faz compras em Holambra, mas os leilões que ocorriam lá foram cancelados nos últimos dias. "Se tudo voltar ao normal, talvez vá para lá sexta.", planeja.
Natanael Nascimento, 37, disse que ontem recebeu ontem um carregamento de plantas vindo do litoral, incluindo samambaias. "Não vou falar que os manifestantes estão errados. É o futuro da gente", comenta. "Desde janeiro, o movimento [de vendas] anda fraco. Tomara que melhore. Se piorar, aí só resta segurar na mão de Deus", prossegue.
No Ceagesp, um caminhão com carga de milho, vindo de Casa Branca, no interior de SP, chegou depois de dois dias de viagem. A rota demora em torno de 3 a 4 horas, em condições normais.
"A sorte foi que o tempo está frio, e isso fez com que o milho chegasse bom, sem estragar. Se estivesse muito calor, poderíamos ter perdido a carga", comenta João Paulo Pereira, 42, que compra o produto para distribuir na zona leste de Sâo Paulo. Ele supre vendedores de milho verde cozido que trabalham nas ruas.
Com a dificuldade para a entrega, o preço subiu. "Paguei R$ 8 a mais pela saca. Em média, sai uns R$ 35. Hoje está R$ 42, R$ 43", conta Pereira. Na greve dos caminhoneiros, em 2018, ele aponta que o valor chegou a R$ 50.
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