SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A indicação dos economistas Persio Arida, André Lara Resende, Nelson Barbosa e Guilherme Mello para a equipe de transição do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi bem recebida pelo mercado financeiro, mas o movimento ainda é visto como insuficiente para esclarecer qual será o rumo da política econômica nos próximos quatro anos.

Analistas aguardam a definição de quem será o ministro da Fazenda e quais as contrapartidas para o aumento de gastos no próximo ano para garantir, por exemplo, a manutenção do Auxílio Brasil de R$ 600 (que deve ser rebatizado de Bolsa Família).

Entre os nomes indicados, Persio Arida é visto como o mais próximo de uma agenda de responsabilidade fiscal. Ele é um dos responsáveis pelo Plano Real, participou dos governos Itamar e FHC e atuou no mercado financeiro nos últimos anos.

Não há uma visão unânime sobre os demais nomes. André Lara Resende, também um dos pais do Real, tem um histórico de posições mais liberais quando estava no governo, mas, nos últimos anos, se tornou um crítico do pensamento econômico mais ortodoxo.

Outros dois nomes são ligados ao PT, o do ex-ministro Nelson Barbosa, último titular da Fazenda na gestão de Dilma Rousseff, e Guilherme Mello, professor da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas).

"São nomes ótimos. A maioria já esteve no governo. Esse time tem tudo para render, mas ainda temos de saber quem vai ser o técnico", afirma Mauro Morelli, estrategista da Davos Investimentos, apontando a falta de definição sobre quem será o ministro da área.

Geizebel Schieferdecker, economista da Squad Capital Investimentos, afirma que o mercado financeiro reagiu bem às indicações, principalmente de Persio e Lara Resende, que têm um histórico um pouco mais liberal.

"Os nomes indicados estão mais para o centro. O Persio tende a ter uma resposta mais positiva [do mercado]. E você tem alguns relacionados com o PT, mas que também trazem um pouco mais de credibilidade em relação à responsabilidade fiscal", diz a economista.

Gustavo Cruz, estrategista da RB Investimentos, também cita a reação mais positiva ao nome de Persio Arida, mas afirma que a lista não traz uma indicação clara de qual será o direcionamento do novo governo na área econômica.

"O nome que o mercado quer escutar é de quem será o ministro da Fazenda", afirma Cruz, que acredita em uma reação positiva a um nome político.

Dentro do PT, os mais cotados para a área econômica são o deputado federal Alexandre Padilha (PT-SP) e o senador eleito Wellington Dias (PT-PI). A sinalização de que o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad também estaria no páreo gerou uma reação negativa de analistas nos últimos dias.

Além de conhecer o titular da Fazenda, os economistas aguardam uma definição sobre o tamanho da licença para gastar que está sendo negociada pelo governo eleito com o Congresso.

Joaquim Paulo Kokudai, da Somma Investimentos, afirma ser importante garantir recursos para o Auxílio Brasil de R$ 600, mas avalia que outras promessas de campanha poderiam ser discutidas após a posse do novo presidente, com uma definição sobre como encaixar um gasto estimado em R$ 175 bilhões acima do teto no Orçamento.

"Como os dois candidatos se colocaram a favor dos R$ 600, e o Congresso aprovou para este ano, deveria focar nisso. No ano que vem, querendo fazer mais coisas, poderia ver de onde vai tirar, se vai aumentar arrecadação, cortar despesa, fazer algo mais consistente, não um paliativo", afirma.


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