SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O dólar fechou em queda nesta segunda-feira (21), apesar da força da divisa estrangeira no exterior e do viés de baixa do mercado global de ações. A moeda americana recuou 1,22%, a R$ 5,3120 na venda.
Investidores reagiam positivamente a uma postura mais conciliadora do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sobre a política fiscal do país.
Lula disse, durante um evento em Lisboa no sábado, que a responsabilidade fiscal é importante, mas que o investimento para melhorar a economia e o bem-estar no país também é.
"Nós sabemos que temos de ter responsabilidade fiscal. Não podemos gastar mais do que a gente ganha. Mas nós sabemos também que a gente pode gastar para fazer alguma coisa que tenha rentabilidade, para fazer o país crescer, melhorar", comentou.
Notícias de que a PEC da Transição poderia ser modificada, com a retirada de mais de R$ 100 bilhões do valor fora do teto, colaboraram com o otimismo entre investidores.
A Bolsa de Valores brasileira encerrou o dia com ganho de 0,81%, aos 109.748 pontos, apesar das pressões negativas vindas do exterior.
As ações de exportadores de matérias-primas metálicas do Brasil, por exemplo, sofreram com o clima de pessimismo diante da expectativa de retomada de restrições de combate à Covid na China.
"A cautela também dita o compasso internacional, após notícia de três mortes por Covid na China. O governo, que iniciava postura de afrouxamento das medidas de 'Covid zero', pode demorar mais a adotar essa postura diante dos casos", comentou Alvaro Feris, especialista da Rico Investimentos.
A Petrobras foi uma das afetadas pelo cenário. A recuperação do petróleo, após um tombo de mais de 5% ao longo do dia, no entanto, contribuiu para que as ações mais negociadas da estatal saíssem da zona negativa e fechassem em alta de 0,30%.
Essa melhora do setor petrolífero ocorreu após a Arábia Saudita negar que tenha discutido um aumento da produção, o que poderia pressionar os preços para baixo, de acordo com a agência Bloomberg.
O petróleo Brent, que é parâmetro para os preços praticados pela Petrobras, recuava 0,40% no final da tarde, com o barril cotado a US$ 87,27 (R$ 465). O preço chegou a cair abaixo dos US$ 83 ao longo da sessão, menor valor em relação aos fechamentos de mercado desde janeiro.
Entre as empresas com maior peso no resultado deste pregão, a varejista Magazine Luiza subiu 7,30%, dias antes da Black Friday, que ocorre nesta sexta (25).
Estrategistas do Morgan Stanley, porém, cortaram para "neutra" a recomendação das ações brasileiras, citando crescentes riscos fiscais em 2023.
Nos Estados Unidos, os principais indicadores do mercado de ações recuaram. O S&P 500, parâmetro da Bolsa de Nova York, perdeu 0,39%. Dow Jones e Nasdaq cederam 0,13% e 1,09%, respectivamente.
AÇÕES DA COPEL DISPARAM COM NOTÍCIA DE PRIVATIZAÇÃO
A elétrica paranaense Copel informou nesta segunda-feira que recebeu do governo do Paraná, seu controlador, um comunicado sobre a intenção do Estado de transformar a elétrica em companhia de capital disperso, sem acionista controlador, o que levou as ações a dispararem 22% nesta sessão.
Na prática, a mudança societária para um modelo de "corporation", a exemplo da operação da Eletrobras, significa uma privatização da elétrica, uma vez que o governo deixaria de ser controlador, o que exige aprovação do legislativo local, informou a agência Reuters.
O anúncio ocorre três semanas após o Estado ter divulgado planos de estudar uma potencial operação para "otimizar investimentos" na elétrica, o que foi interpretado por agentes de mercado como um sinal de que, pela primeira vez, o governo olhava para a possibilidade de privatizar a Copel.
Companhias estaduais avançavam em meio ao otimismo gerado pela paranaense. A Cemig, empresa de energia de Minas Gerais, avançou 7,54%. A Sabesp, estatal de saneamento de São Paulo, saltou 7,32%.
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