SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O dólar caía acentuadamente frente ao real na manhã desta quinta-feira (24), acompanhando o bom humor externo após sinalização de que o banco central dos Estados Unidos pode reduzir seu ritmo de aperto monetário, enquanto, no Brasil, a rejeição da ação que pede uma verificação extraordinária do segundo turno eleitoral sustentava o sentimento.
Às 9h12 (horário de Brasília), o dólar à vista recuava 1,09%, a R$ 5,3125 na venda, em sessão que deve contar com baixa liquidez devido a feriado nos Estados Unidos e à estreia do Brasil na Copa do Mundo, às 16h.
Na B3, às 9h12, o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento caía 0,98%, a R$ 5,3190.
Bolsas americanas permanecerão fechadas nesta quinta devido ao feriado do Dia de Ação de Graças, reduzindo o número de operações no mercado e isso tende a deixar os índices financeiros mais voláteis, enquanto na China o crescimento dos casos de Covid provoca novas restrições, criando ameaças para o setor de matérias-primas da Bolsa de Valores brasileira.
Ainda nesta manhã, o Banco Central Europeu divulga a ata da sua última reunião de política monetária.
Na quarta-feira (23), a expectativa de desaceleração no aumento da taxa de juros dos Estados Unidos amenizou em parte o pessimismo do mercado financeiro doméstico, que segue pressionado pelas preocupações com a transição de governo no Brasil.
No câmbio local, o dólar passou a cair ligeiramente apenas no final da tarde, quando a divulgação da ata da última reunião do Fed (Federal Reserve, o banco central dos EUA) indicou que os membros da autoridade monetária do país avaliam que a taxa de juros poderá subir mais devagar nos próximos meses.
"Uma maioria substancial dos participantes julgou que uma desaceleração no ritmo de crescimento [da taxa de juros] seria apropriada em breve", disse a ata.
O dólar comercial à vista fechou em queda de 0,18%, cotado a R$ 5,3690. No início do dia chegou a subir a R$ 5,4120. Diferentemente da resistência que ofereceu ao real, a moeda americana teve um dia de fraqueza contra praticamente todas as principais moedas internacionais e perdeu ainda mais terreno após a ata do Fed.
Ainda refletindo a pressão gerada na véspera pela contestação de urnas utilizadas na eleição pelo partido do presidente Jair Bolsonaro e a manutenção da indefinição nas negociações sobre a PEC da Transição, a Bolsa de Valores Brasileira fechou na contramão dos mercados globais.
O Ibovespa terminou a sessão em queda de 0,18%, aos 108.841 pontos, melhorando um pouco no final do dia em relação à mínima de 107.901 registrada mais cedo. Enquanto o índice referência da Bolsa de Valores brasileira cedeu, o indicador parâmetro das ações americanas S&P 500 fechou com alta de 0,59%.
A taxa de juros DI (depósitos interbancários) para 2024, referência para o crédito de curto prazo, atingia a casa dos 14,58% ao ano no final desta quarta, contra 14,38% da véspera. Esse indicador estava em 13,05% no fechamento do último dia 9, véspera do discurso em que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) subiu o tom das suas críticas à regra do teto de gastos.
A cotação do petróleo Brent, referência para os preços da Petrobras, caiu mais de 4% durante o dia em reação às restrições na China devido a Covid e com a discussão na União Europeia sobre a imposição de um teto ao preço do petróleo da Rússia, entre US$ 65 e US$ 70, informou a Bloomberg.
Apesar da baixa no valor da matéria-prima, as ações preferenciais da Petrobras sustentaram alta de 0,30% na Bolsa de Valores do Brasil, o que foi avaliado como um movimento técnico de ajuste após as baixas recentes.
Sintoma de que a preocupação de que o aumento de gastos públicos conduza o Brasil a um cenário de inflação e juros altos, ações do varejo fecharam em forte queda na Bolsa nesta quarta. CVC e Cielo caíram mais de 7%. Os grupos Natura e Soma cederam quase 5%.
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