SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Diante da expectativa de que o PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro desacelere neste segundo semestre e fique próximo do zero a zero no início de 2023, o país tem mais um motivo para torcer por uma vitória no mundial de futebol do Qatar.

Um estudo da Universidade de Surrey, no Reino Unido, mostra que vencer a Copa do Mundo da Fifa aumenta o crescimento do PIB em pelo menos 0,25 ponto percentual nos dois trimestres seguintes à vitória.

A conclusão faz parte de um pesquisa do economista Marco Mello, que corrobora uma série de trabalhos realizados anteriormente.

O resultado é impulsionado, principalmente, pelo incremento nas exportações. O economista destaca como exemplo o que ocorreu no Brasil após a conquista do pentacampeonato de 2002. No levantamento, foram consideradas as últimas seis copas, de 1998 a 2018.

O trabalho também constata que não há efeitos significativos sobre o crescimento do PIB para o país anfitrião, justamente aquele que faz o investimento mais relevante na competição.

Um estudo publicado em 2006 mostrou que o país sede só se beneficia com a competição quando este é também o campeão, como aconteceu, por exemplo, com Inglaterra (1966), Alemanha (1974), Argentina (1978) e França (1998) -o que reforça o efeito positivo para o vencedor.

Segundo Mello, o artigo fornece a primeira evidência causal sobre os efeitos econômicos de vencer a Copa do Mundo. O objetivo é verificar se o crescimento do PIB aumenta nos trimestres seguintes à vitória, reunindo todos os países que venceram o torneio e comparando-os com um conjunto de países que não conquistaram a taça.

O economista também utiliza um método para tentar estimar qual seria o comportamento do PIB do mesmo país caso ele não tivesse vencido a competição.

"Ambas as abordagens mostram que vencer a Copa do Mundo da Fifa aumenta significativamente o crescimento do PIB apenas nos dois trimestres seguintes à competição", afirma.

"Mais surpreendentemente, esse efeito parece ser conduzido pelas exportações, e não pelo crescimento do consumo ou acumulação de capital."

O efeito positivo foi maior para a França (0,382 e 0,348 ponto percentual em 1998 e 2018), seguida por Itália (0,362), Brasil (0,350) e Alemanha (0,263).

A Espanha, que conquistou sua única Copa no início da crise da dívida de 2010, é uma exceção à regra, e teve contração do PIB após ganhar o título daquele ano.

"A análise mostrou que vencer a Copa do Mundo da Fifa leva a um aumento estatisticamente significativo no crescimento do PIB apenas nos dois trimestres seguintes à vitória", diz o trabalho. "Não há efeitos significativos sobre o crescimento do PIB para o país anfitrião."

O PIB do Brasil no terceiro trimestre será divulgado nesta quinta-feira (1º) às 9h pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). No segundo trimestre, o crescimento foi de 1,2% na mesma base de comparação. A economia deve registrar crescimento de 0,6% no terceiro trimestre, segundo levantamento com 35 economistas consultados pela agência Bloomberg.

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