SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Indicadores do mercado financeiro do Brasil aparentavam nesta terça-feira (6) que investidores estavam menos avessos às aplicações mais arriscadas, mesmo diante da perspectiva de aumento dos gastos públicos a partir do próximo ano, tema que está em debate no Congresso por ocasião da apresentação da PEC (proposta de emenda à Constituição) da Transição.

Às 11h55, o índice Ibovespa, parâmetro para as ações negociadas na Bolsa de Valores, subia 1,04% aos 110.544 pontos. No câmbio, o dólar comercial caía 0,85%, a R$ 5,2360.

No mercado de juros futuros, porém, as taxas de curto prazo subiam ligeiramente. Os contratos DI (depósitos interbancários) com vencimento em 2024 subiam de 13,98% a 14,02% ao ano. Os juros DI, negociados entre bancos e que servem de referência para todo o setor de crédito, tendem a subir quando agentes desse segmento passam a imaginar que haverá mais inflação.

Em Brasília, o relator da PEC da Transição, senador Alexandre Silveira (PSD-MG), apresentou nesta terça uma versão que, apesar de reduzir o prazo de vigência de quatro para dois anos, prevê uma autorização de até R$ 198 bilhões para o início do novo governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Em acordo com líderes do Congresso e o PT, o relator deixou uma brecha para que a PEC também possa abrir espaço no Orçamento de 2022. Com isso, há margem para que o governo de Jair Bolsonaro (PL) libere emendas parlamentares que estão bloqueadas por causa do aperto fiscal.

No exterior, os mercados de ações estavam predominantemente negativos. O índice S&P 500, que é parâmetro para a Bolsa de Nova York, caía 0,50%. O indicador Nasdaq, que reúne empresas de médio porte do ramo de tecnologia e é mais sensível à expectativa de persistência da inflação e de alta dos juros, perdia 1,37%.

No pregão de segunda-feira (5), o dia foi de maior aversão ao risco, com o mercado optando por uma postura cautelosa antes da definição da política fiscal do governo Lula a partir de 2023.

Em um cenário de fuga do risco e busca por proteção tanto no país como também em escala global, o dólar avançou 1,32% frente ao real, a R$ 5,2820 para venda, a maior alta desde 25 de novembro, quando subiu 1,86%, após encontro do ex-prefeito Fernando Haddad, principal cotado para o ministério da Fazenda, com banqueiros em evento da Febraban (Federação Brasileira de Bancos).

Já a Bolsa de Valores brasileira registrou forte queda acima de 2%, com o Ibovespa fechando o dia em baixa de 2,3%, negociado aos 109.349 pontos, a maior queda também desde 25 de novembro, quando o índice de ações caiu 2,55%

O temor dos agentes financeiros acerca da condução da política fiscal a partir de 2023 pelo governo Lula e dos impactos para a trajetória da dívida pública também fez com que os juros futuros, que embutem as expectativas do mercado sobre os rumos para a taxa Selic, tenham voltado a registrar alta.

O contrato de juro futuro com vencimento em 2024 avançou de 13,82% no fechamento de sexta-feira (2) para 14% nesta segunda. Já o título para 2027 passou de 12,49% para 12,75%.

Na noite de domingo (4), o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), divulgou a pauta de votação da semana com a previsão de análise da PEC da Transição para esta quarta-feira (7).


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