BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nomeou nesta sexta-feira (9) o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad como ministro da Fazenda. Haddad era há semanas apontado como favorito para o posto.

Uma convergência de fatores embasou a escolha do presidente eleito.

No aspecto político, tanto Lula quanto o PT entendem que a Fazenda precisa ter um nome afinado com as políticas públicas defendidas pelo partido. Ele também tem excelente interlocução com o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB). Foi Haddad quem deu início à aproximação entre Lula e Alckmin para a aliança que, no fim, formou a chapa vencedora da eleição presidencial.

Haddad têm experiência no Executivo. Foi ministro da Educação de 2005 a 2012, nos governos Lula e Dilma Rousseff. E também possui formação para o posto. Professor de ciência política na USP (Universidade de São Paulo), é formado em direito, tem mestrado em economia e doutorado em filosofia.

Um dos principais trunfos a seu favor, no entanto, é o fato de ter um histórico de lealdade que conquistou a confiança de Lula. Haddad foi o substituto do ex-presidente na campanha eleitoral de 2018, quando Lula foi impedido de ser candidato.

Em retrospecto, a escolha de agora parece ter sido definida já naquela época. Em entrevista à agência Reuters, Haddad contou que o ex-presidente o teria escolhido como ministro da Fazenda em caso de vitória naquela disputa. "Não se sabe disso, mas antes de eu ser convidado para ser vice de Lula, eu fui convidado por ele para ser ministro da Fazenda", afirmou Haddad.

A nova função na economia, no entanto, é vista dentro do PT com um teste para ambos, já que, até agora, Haddad foi alguém que trouxe mais soluções que problemas. O cargo de ministro da Fazenda, ironicamente chamado por políticos de 'o pior do mundo', inclui desagradar ao presidente da República em muitos casos.

A partir de agora, existe a expectativa de que o governo indique nomes com inclinação liberal para o Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão e o Ministério da Indústria, Comércio e Serviços. Dentro do PT o que, se diz é que, se Persio Arida aceitar, pode ser o titular do Planejamento. Persio, porém, disse à reportagem que não tem intenção de assumir cargos em Brasília.

Haddad já cumpre uma rotina mais afinada com a pasta. Na quinta-feira (8), um dia antes da confirmação, ele se reuniu em Brasília com o atual ministro da pasta, Paulo Guedes, e definiu uma agenda de trabalho para ter uma visão mais ampla da situação do Ministério da Economia.

Na quarta-feira (7), Haddad teve encontro com representantes do Banco Mundial para discutir os investimentos da organização no Brasil, hoje de US$ 5 bilhões.

A partir da próxima terça-feira (13), o ex-ministro da Educação deve manter encontros com as secretarias do Tesouro Nacional e da Receita Federal, entre outras, para aprofundar o diagnóstico sobre o que o novo governo encontrará no início do mandato.

Antes de ser confirmado na Fazenda, Haddad chegou a ser citado como possível ministro de outras pastas relevantes, como Educação, Itamaraty e Planejamento.


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