SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A recusa de Josué Gomes para assumir o comando do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio do governo Lula 3 tornou mais difícil sua situação na Fiesp, a federação das indústrias de São Paulo.
Josué segue sob pressão de 86 dos 111 sindicatos que querem sua renúncia, caso ele não os convença de que dedicará mais tempo na defesa dos interesses dos industriais de São Paulo, principalmente em Brasília.
Nos bastidores dessa disputa, está o que os sindicatos consideram a indisponibilidade do dirigente à entidade. Eles relatam, reservadamente, que Josué passa mais tempo à frente de suas empresas do que no comando da federação.
Por isso, nos bastidores, uma parcela considerável desse grupo de descontentes defende a destituição de Josué, que seria substituído por Rafael Cervone.
Neste caso, a ideia é que ele convoque eleições. Já existe uma articulação em torno de José Ricardo Roriz Coelho como nome de uma das chapas. O próprio Paulo Skaf seria outro nome. Mas, caso ele não queira, como vem dizendo para dirigentes do setor, Roriz receberia apoio.
Apesar desse movimento pró eleição, ainda existe disposição entre os delegados sindicais com voto na Fiesp para que Josué continue à frente, desde que se comprometa com a entidade.
Sinal da abertura para uma recomposição, decidiram marcar a assembleia geral para 16 de janeiro, mesmo dia da reunião agendada pelo dirigente. Os sindicatos também aceitaram a data proposta por Josué para evitar questionamentos jurídicos sobre um resultado desfavorável ao dirigente.
O documento foi enviado à Fiesp neste domingo (18). A data anterior era 21 de dezembro. Os sindicatos pedem, por exemplo, que Josué enumere quantas vezes esteve em Brasília (DF) em agendas da Fiesp e quantas entrevistas concedeu "em prol da defesa e efetiva representação da categoria econômica industria".
Em outro ponto questionado reside importante motivo de tensão entre os sindicatos e o presidente, que é a composição dos conselhos e departamentos. Dirigentes dizem que a chefia desses setores costumava ser indicada pelos sindicatos, algo que deixou de ser feito.
Os pedidos de assembleia, o documento com os questionamentos e os dois editais foram assinados por 86 representantes de 80 sindicatos, a maioria entre os 111 com direito a voto no conselho.
Josué assumiu a presidência da Fiesp no início de 2022, depois de ter sido eleito em chapa única, com o apoio do antecessor, Paulo Skaf, que ficou 17 anos à frente da Fiesp. De olho em voos eleitorais, Skaf deixou a entidade da indústria.
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