SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) - Mais de 200 milionários de 13 países diferentes assinaram uma carta dirigida aos líderes mundiais por ocasião do Fórum Econômico de Davos, na Suíça, pedindo para serem mais tributados "para o nosso bem comum". Nenhum brasileiro assinou a carta.

O documento menciona uma "era de extremos", na qual está cada vez menor a oportunidade "para bilhões de pessoas comuns ganharem um salário digno".

A ação ocorre após a ONG Oxfam divulgar um relatório mostrando uma aceleração das desigualdades e da extrema pobreza, que voltou a aumentar pela primeira vez, em 25 anos. A organização pontuou que os mais ricos enriqueceram ainda mais graças à intervenção pública para combater o coronavírus e às centenas de bilhões de dólares que foram investidos.

"Isso é chocante e não é porque eles fizeram escolhas estratégicas e econômicas brilhantes. Porém, hoje estamos numa situação em que devemos pagar a conta da crise [sanitária] e seria lógico que eles contribuíssem para pagar esta conta", afirma Quentin Parrinello, co-autor do relatório.

Ao chamar atenção para as desigualdades, a Oxfam faz campanha para reduzir pela metade o número de bilionários no mundo, até 2030, por meio da tributação. "Cada bilionário representa uma falha de política pública", afirmou a Oxfam na abertura do Fórum de Davos.

A ONG observou que desde 2020, dois terços da riqueza produzida no mundo estão nas mãos do 1% mais rico. Impulsionadas pela alta das cotações das ações, grandes fortunas dispararam nos últimos dez anos: de cada US$ 100 de riqueza criada, US$ 54,4 dólares foram para os bolsos do 1% mais rico, enquanto US$ 0,70 beneficiaram os 50% menos afortunados.

Os cálculos da Oxfam também apontam que os bilionários teriam ganho US$ 2,7 bilhões por dia, desde a crise da Covid-19.

"Temos 75% de governos em todo o mundo que preveem diminuir as despesas na saúde, na educação e proteção social para pagar a conta do coronavírus. Falta coragem política. Vimos a necessidade de ter um sistema de saúde eficiente e redes de proteção para os mais vulneráveis", afirmou Parrinello.

O QUE DIZ A CARTA

A carta assinada pelos milionários, portanto, vai ao encontro dos resultados obtidos pela ONG. No texto, os participantes citam :

- Aumento da pobreza e da desigualdade de riqueza;

- Ascensão de um nacionalismo antidemocrático;

- Declínio ecológico como fatores para a implementação da taxação dos mais ricos no mundo todo.

"Os extremos são insustentáveis, muitas vezes perigosos e raramente tolerados por muito tempo. Então, por que, nesta era de múltiplas crises, vocês continuam tolerando a riqueza extrema?", questionam.

Os milionários ainda afirmam que a riqueza fluiu "para lugar nenhum, exceto para cima"."Nos primeiros dois anos da pandemia, os 10 homens mais ricos do mundo dobraram sua riqueza, enquanto 99% das pessoas viram sua renda cair. Bilionários e milionários viram sua riqueza crescer em trilhões de dólares, enquanto o custo de uma vida simples agora está paralisando famílias comuns em todo o mundo."

O documento finaliza afirmando que "a solução é simples": "Vocês, nossos representantes globais, devem tributar a nós, os ultra-ricos, e devem começar agora."

Na foto que acompanha a carta, intitulada "Custos da riqueza extrema", estão as imagens dos presidentes dos Estados Unidos, Joe Biden, do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, além dos primeiros-ministros do Japão, Fumio Kishida, e do Reino Unido, Rishi Sunak.

A foto do bilionário Elon Musk, CEO do Twitter e criador da Tesla, aparece abaixo da imagem dos líderes mundiais, ainda que o nome dele não conste no documento. Entre milionários que assinaram a carta estão os herdeiros da Disney, Tim e Abigail, e o milionário britânico Phil White.


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