SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A Bolsa e o dólar fecharam praticamente estáveis nesta quinta-feira (26). Com o esfriamento da discussão política e fiscal no Brasil, os investidores miraram principalmente nos números do PIB (Produto Interno Bruto) dos Estados Unidos e seus possíveis efeitos nos juros do país.

O Ibovespa fechou com um ligeiro recuo de 0,08%, a 114.177 pontos, após atingir a máxima de 2023 nesta quarta-feira (25). O dólar comercial à vista caiu 0,07%, a R$ 5,075, no menor patamar desde o dia 4 de novembro de 2022.

Os juros também apresentaram estabilidade. Os contratos para 2024 saíram de 13,48% do fechamento desta quarta-feira para 13,50%. Para 2025, a taxa subiu de 12,64% para 12,74%. Nos contratos para 2027, os juros subiram de 12,64% para 12,72%.

O movimento do dólar frente ao real segue caminho oposto ao que ocorre no restante do mundo. A divisa americana tem subido ante outras moedas. Para analistas, a calmaria nas discussões política e fiscal no Brasil pode explicar o bom desempenho do real.

Dados divulgados nesta quinta mostram que a economia americana cresceu 2,9% no quarto trimestre de 2022, na comparação com o mesmo período de 2021. Apesar do crescimento, o sinal é de desaceleração, já que no terceiro trimestre o PIB havia avançado 3,2%.

A divulgação do PIB veio acima do que era esperado por analistas, o que pode pressionar o Federal Reserve (Fed), banco central americano, que se reúne semana que vem para decidir sobre a taxa de juros.

A aposta majoritária do mercado é de nova redução no ritmo de aperto monetário, mas a resiliência da economia americana e do mercado de trabalho podem exigir a continuidade do aperto por mais tempo.

Para a Guide Investimentos, a atividade econômica nos Estados Unidos tem dado sinais mais claros de desaceleração neste início de 2023. "O dado do PIB é mais defasado. Quando olhamos na ponta, os números mais recentes de atividade já mostram rápida desaceleração."

Segundo a equipe de análise da Mirae Asset, a recente onda de demissões, especialmente nas empresas de tecnologia, reforça a percepção de que a economia dos EUA caminha para uma desaceleração, que deve ser sentida principalmente pelos mais ricos, já que as vagas de emprego com rendas mais baixas não têm diminuído.

Cristiane Quartaroli, economista do Banco Ourinvest, afirma que, apesar da volatilidade no câmbio ao longo do dia, a moeda encerra a quinta-feira praticamente no zero a zero.

Na avaliação dela, isso reflete um sentimento de cautela por conta das decisões que ocorrem na próxima semana. Além do Fed (o banco central americano), o BC brasileiro também decidirá sobre a taxa básica de juros.

"O Brasil deve manter a Selic em patamar elevado, o que acaba sendo positivo para o real, por conta do nosso diferencial de juros", afirma.

Em relatório distribuído a seus clientes, o Morgan Stanley também projeta manutenção da taxa básica de juros pelo Banco Central na reunião que acontece entre 31 de janeiro e 1º de fevereiro.

Rodrigo Jolig, CEO e estrategista-chefe da Alphatree Capital, diz que o real teve movimento forte no feriado de aniversário de São Paulo e a movimentação desta quinta indica uma consolidação no mesmo patamar.

As ações da Petrobras estiveram entre as maiores quedas da Bolsa nesta quinta, na direção oposta do preço do petróleo, que operou em alta. Os papéis ordinários da empresa (PETR3) caíam 2,79%, a R$ 29,57. Já as ações preferenciais (PETR4) recuaram 2,74%, a R$ 26,20.

Leandro De Checchi, analista de Investimentos da Clear, diz que o mercado parece não ter gostado do já esperado anúncio de Jean Paul Prates como novo CEO da estatal. "Os investidores devem seguir atentos às diretrizes estratégicas da atual gestão", diz.

Entre as ações, a ordinária da Americanas subiu 9,57%, e volta a valer mais de R$ 1,00. Ontem, a empresa apresentou sua lista de credores no âmbito da recuperação judicial, com dívidas superiores a R$ 41 bilhões.

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Colaborou Thiago Bethônico


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