SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - SÃO PAULO

O dólar tem dia de forte queda nesta quinta-feira (2), oscilando próximo aos R$ 5, depois que o Banco Central decidiu na véspera manter a Selic (taxa básica de juros) em 13,75% ao ano.

O tom duro do órgão ao justificar sua decisão, alertando para a incerteza fiscal e a pressão inflacionária, foi lido por analistas como um sinal de que os juros não devem cair neste ano ?tornando, assim, a moeda brasileira atraente para investidores estrangeiros.

Às 13h25, o dólar à vista recuava 1,17%, sendo vendido a R$ 5.

O Ibovespa registra queda, operando abaixo dos 111 mil pontos, puxada por ações da Vale e Petrobras.

Às 12h50 desta quinta, VALE3 caia 4.42% e PETR4 recuava 2.49%, pressionada pelo aumento no preço do querosene de aviação.

Já os bancos privados registram alta, impulsionados pela decisão do Copom. ITAU4 sobe acima de 0,60% e BBDC4, 0,55% no início desta tarde.

Sem detalhar o impacto do caso Americanas em seu balanço, o Santander confirmou nesta quinta a sua exposição na crise da varejista. No Ibovespa, as ações SANB11 oscilam em alta.

Segundo o balanço, os resultados relativos ao quarto trimestre de 2022 mostram lucro líquido gerencial de R$ 1,689 bilhão, uma queda de 45,9% em relação ao primeiro trimestre.

Para Vitorio Galindo, head de análise fundamentalista da Quantzed, indica que a queda foi impulsionada pela piora na inadimplência das operações de crédito a pessoas físicas.

"O CEO [do Santander] comentou na teleconferência que as novas safras estão melhorando o perfil de crédito e que a inadimplência está abaixo da média do mercado. Também mostraram isso na apresentação, acho que deu uma animada com a recuperação da carteira/resultados", diz Galindo.

Com pedido de tutela de urgência para impedir que seus ativos sejam bloqueados a pedido de credores, a Oi vê suas ações derreterem nesta quinta. Às 12h15, os papéis OIBR4 eram negociados a R$ 3,91, queda acima dos de 23%.

IMPACTO DO COPOM NO DÓLAR

Nesta quarta (1º), antes do anuncio do Copom, do dólar à vista fechou em queda de 0,25%, a R$ 5,06 na venda, patamar de encerramento mais baixo desde 4 de novembro passado (R$ 5,05).

O recuo do dólar foi impulsionado também pela decisão do Federal Reserve, o banco central americano, de elevar sua taxa de juros em 0,25 ponto, uma desaceleração em relação a aumentos anteriores para o combate à inflação.

"A ideia de que os juros não vão cair tão cedo ganha cada vez mais força e evidência prática, e o fluxo para o mercado local tende cada vez mais a aumentar", disse à Reuters Bruno Mori, planejador financeiro pela Planejar, destacando o amplo espaço entre os patamares de juros no Brasil e nos Estados Unidos.

Quanto maior o diferencial entre os custos dos empréstimos domésticos e internacionais, mais atraente fica o real para uso em estratégias de "carry trade", que consistem na contratação de empréstimo em país de juro baixo e aplicação desses recursos em praça mais rentável. Desta forma, a manutenção da Selic no nível elevado atual e um arrefecimento do aperto monetário do Fed jogam a favor da divisa brasileira.

Para além do fator juro, alguns investidores apontaram o resultado das eleições para as lideranças do Congresso como um suporte adicional para o real, depois que o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva conseguiu o que queria ao ver reeleitos Arthur Lira (PP-AL) como presidente da Câmara e Rodrigo Pacheco (PSD-MG) como presidente do Senado.

"Câmara e Senado consolidaram condições de governabilidade melhores, isso é super positivo para a questão da atividade (econômica)", disse Mori, que também citou uma reabertura econômica na China como outro impulso para a divisa doméstica e outras moedas de países emergentes.

O Banco Central fará neste pregão leilão de até 16 mil contratos de swap cambial tradicional para fins de rolagem do vencimento de 1° de março de 2023.

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