SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Nesta semana, o dólar chegou a ser vendido a R$ 5,04, seu menor patamar desde agosto do ano passado. O recuo da moeda americana animou quem está com viagem marcada para o exterior, já que as cotações do dólar turismo acompanham a do dólar comercial, impulsionando, inclusive, a alta das ações de companhias aéreas no Ibovespa.

A orientação para o brasileiro com planos de utilizar o dólar nos próximos meses continua sendo a de comprar a moeda aos poucos, especialmente se as despesas em moeda estrangeira não forem imediatas.

A valorização do dólar frente ao real, porém, ainda sofre interferências de ruídos políticos. Enquanto na quinta (2) a moeda chegou ao valor mínimo de R$ 4,94, na sexta (3), ultrapassou os R$ 5,13.

Na quinta-feira, o mercado reagiu de forma positiva ao tom duro do Banco Central, que deixou claro haver custo grande para a inflação em caso de maior descontrole na questão fiscal. O tom mais ameno do banco central americano, com uma política monetária menos restritiva, contribuiu para o movimento de queda do dólar aqui.

"Mas vale destacar que, daqui para a frente, não dá para saber se esse movimento é uma tendência ou não, porque ainda temos algumas incertezas no cenário político e no cenário fiscal", afirma Cristiane Quartaroli, economista do Banco Ourinvest.

Pouco antes do encerramento das negociações de quinta, uma fala do presidente Luís Inácio Lula da Silva, com críticas à autonomia do Banco Central e ao teto de gastos, fez o dólar ganhar força e encerrar a semana em alta.

Economistas afirmam que o dólar deveria estar ainda mais baixo, porque das moedas emergentes, o real foi o que andou menos, em função de todo o cenário político interno. Com o vento favorável, a perspectiva dos analistas é que a moeda fique entre R$ 4,80 e R$ 4,90 ainda neste ano.

"No exterior, a inflação torna a tarefa dos bancos centrais cada vez mais difícil, e os mercados vêm precificando cada vez mais a possibilidade de uma recessão como consequência da alta de juros em grandes economias. Isso aponta para um dólar mais alto nos próximos meses, mas há sinalizações na direção contrária também", diz Luiz Felipe Bazzo, CEO do Transferbank.

"O Brasil, por não ser envolvido nesses conflitos geopolíticos, regimes autoritários ou restrições à circulação, como Rússia, Turquia e China, pode se destacar se esse cenário se concretizar, ainda mais se levarmos em consideração que o país tem a maior taxa de juros real do mundo", afirma Bazzo.

QUANDO É MELHOR COMPRAR A MOEDA PARA INVESTIMENTOS E VIAGENS?

Antes de fazer cotações em casas de câmbio, é preciso entender qual é o objetivo da compra. "Se for especulação de curtíssimo prazo, esquece. Com essa atual taxa de juros e chances de o Banco Central aumentá-la ainda mais, no médio prazo, o dólar sofre. Eu esperaria para comprar um pouco mais a frente", afirma Rafael Marques, CEO da Philos Invest.

No caso de o motivo da compra de dólar ser para investimento, a dica é não comprar de uma só vez. Marques diz que o investidor deve traçar uma meta e definir até qual valor irá aceitar pagar pela moeda. Dessa forma, ele tem o chamado "preço médio".

"Comprar para botar na carteira de investimentos como estratégia de diversificação é totalmente válido. Aí coloca num fundo de investimento atrelado ao dólar, com percentual pequeno, dada sua volatilidade e o risco", afirma Marques.

Para quem vai viajar nos próximos seis meses, o ideal é comprar a moeda com antecedência, mensalmente, para se proteger de variações bruscas. Vale a pena fechar o câmbio no dia seguinte a uma baixa.

Se está voltando de uma viagem internacional, pode valer a pena comprar a moeda em baixa para antecipar o pagamento da fatura do cartão de crédito com gastos em dólar.

"É um bom momento para quem quer fazer câmbio, para quem tem viagem marcada ou está fazendo uma locação internacional", afirma Piter Carvalho, economista chefe da Valor Investimentos.

O dólar turismo segue a cotação do comercial, mas geralmente é mais caro, pois o volume negociado em cada transação costuma ser menor, por ser de pessoas físicas. No turismo é adicionado o custo de operações e o IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) de 1,10%. Nas compras feitas no cartão pré-pago ou no cartão de crédito, o imposto é maior, de 5,38%.

NOVO LIMITE PARA VIAJAR COM MOEDA EM ESPÉCIE SEM PRECISAR DECLARAR

Desde 30 de dezembro do ano passado, brasileiros podem entrar ou sair do Brasil com até US$ 10 mil em espécie, sem a necessidade de declaração.

Anteriormente, o limite era fixado em R$ 10 mil. Quem desejasse viajar com quantia superior precisava preencher um documento chamado e-DBV (Declaração Eletrônica de Bens de Viajantes (e-DVB), informando a Receita Federal. Sem a declaração, a entrada no Brasil com valores acima do teto estava sujeita a tributação.

O novo limite é estipulado em dólares, mas vale para qualquer moeda estrangeira, além do real.


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