SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Os negócios de big techs com empresas de IA, a startup de verduras 'fora do padrão' e o que importa no mercado nesta segunda-feira (6).
STARTUP DA SEMANA: DIFERENTE
O quadro traz às segundas o raio-x de uma startup que recebeu aporte recentemente.
A startup: fundada no início de 2022, é uma foodtech (startup de alimentos) de assinatura de alimentos orgânicos que investe na parceria com pequenos produtores regionais para "resgatar" alimentos considerados fora do padrão pelas grandes redes varejistas.
- A Diferente entrega caixas com alimentos a consumidores paulistanos e de cidades vizinhas à capital paulista.
Em números: a empresa anunciou na última semana uma extensão de sua rodada seed (entenda aqui as etapas de investimento em startups) de R$ 16 milhões. Somada à captação de R$ 24 milhões de março, a empresa recebeu R$ 40 milhões.
- É a maior captação de uma rodada seed entre foodtechs brasileiras, diz a Diferente.
- Quem investiu: o aporte foi liderado pela Caravela Capital e teve a participação do Valor Siren Ventures, que faz o seu primeiro investimento na América do Sul.
Que problema resolve? Com a entrega de caixas com 20% a 50% de frutas, legumes e verduras orgânicas "fora do padrão", a startup estima gerar uma economia de 40% no preço pago pelos consumidores e ajuda a reduzir o desperdício de alimentos.
- Os algoritmos da empresa consideram as preferências e restrições dos clientes e a recorrência de cada item para montar as cestas e orientar a produção dos fornecedores. Os produtos oferecidos dependem da sazonalidade.
Por que é destaque: além de a empresa ter registrado a maior captação seed da última semana, os R$ 40 milhões em uma rodada inicial chamam a atenção, ainda mais pela idade da startup -menos de um ano.
Em um momento em que as grandes empresas de tecnologia estão demitindo e cortando outros custos, a Diferente tem 75 funcionários e espera aumentar a equipe em 20% a 30% neste ano.
A semana em resumo
Em uma semana movimentada, foram 23 rodadas anunciadas na semana, com US$ 185 milhões (R$943 milhões) captados por startups da América Latina. Destaque também para a captação anunciada pela Daki, de delivery, de US$ 50 milhões (R$ 255 milhões).
Os dados foram fornecidos pela plataforma Sling Hub.
BRASIL NA CONTRAMÃO DO ÂNIMO GLOBAL
Novos indicadores globais mostram que o Brasil caminha na contramão das principais economias que enfrentaram problemas inflacionários e estruturais nos últimos anos.
Entenda: enquanto a inflação deve cair neste ano em relação a 2022 na maioria dos países -o FMI calcula que isso deva acontecer em 84% das nações-, as expectativas do mercado para o IPCA vêm subindo e já chegaram próximas ao índice de preços do ano passado (5,79%).
O que explica: para especialistas, enquanto o quadro internacional mudou para melhor, indicando um futuro mais promissor, o governo brasileiro ainda não convenceu empresários e agentes de mercado sobre como controlará a expansão do gasto e de sua dívida pública.
O resultado tem sido insegurança entre empresas e mercado; e mais pressão sobre a inflação -num ambiente agravado por falas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) contra juros altos, meta de inflação, autonomia do BC e responsabilidade fiscal. Se na teoria maiores taxas de juros significam um ambiente mais favorável à entrada de dólares no país, na prática isso não tem se refletido tão fielmente.
Apesar da valorização recente do real, moedas de emergentes têm se apreciado mais do que a nossa frente o dólar neste ano.
- A divisa americana vem perdendo força em 2023, enquanto o mercado aposta que o Fed deve seguir reduzindo o ritmo de aperto monetário.
- Nas contas de Samuel Pessôa, economista e colunista da Folha de S.Paulo, o "preço justo" do dólar seria de R$ 4,80, mas a valorização do real foi afetada pela PEC da Transição e pelo falatório de Lula, escreveu em sua coluna.
- Um sinal da influência política no câmbio apareceu na última semana. Depois de o presidente criticar a autonomia do BC em uma entrevista, o dólar saiu dos R$ 5,04 da quinta (2) para fechar em R$ 5,14 na sexta (3), numa alta de 2,05%, que também acompanhou um fortalecimento do dólar lá fora.
Afinal, vale comprar dólar? Para quem planeja uma viagem, os especialistas reforçam a recomendação do preço médio, com compras aos poucos. Exposta a muitas variáveis, a cotação da moeda é de difícil projeção.
É por essa razão que os analistas desaconselham a compra -ou venda- do dólar para quem deseja lucrar com a especulação no curto prazo.
AMERICANAS AFASTA DIRETORES
A Americanas comunicou na última sexta (3) que afastou toda a diretoria que estava no cargo quando Sergio Rial, ex-CEO, anunciou o rombo de R$ 20 bilhões no balanço.
Eles eram remanescentes da diretoria anterior à posse de Rial. Seguem no alto escalão apenas o CEO interino João Guerra, indicado após a divulgação do rombo, e a diretora financeira Camille Loyo Faria, que trabalhou na recuperação judicial da Oi e assumiu no dia 1º deste mês. Sem demissões, por enquanto: a Americanas também disse na sexta a sindicatos que não vai promover demissão em massa ou fechamento de lojas até 19 de março, data-limite para ela apresentar o seu plano de recuperação judicial ao TJ-RJ.
- A varejista ainda comunicou ao mercado que a rede de hortifrútis Natural da Terra, comprada no ano passado por R$ 2,1 bilhões, não está à venda. O mercado considera essa uma opção para que a empresa possa reduzir uma parte de sua dívida de mais de R$ 40 bilhões. Perícia: a Justiça suspendeu temporariamente a busca e apreensão de emails institucionais de diretores e conselheiros das áreas de contabilidade e finanças da Americanas.
- A decisão argumenta que é necessário definir a extensão da busca e apreensão, com a especificação dos nomes com emails institucionais a serem apreendidos. Veja aqui como os "guardiões" do mercado de capitais falharam em não identificar histórico de "inconsistência contábil" da companhia.
Mais sobre empresas no sufoco
A Justiça do Rio concedeu à Oi proteção contra bloqueio de ativos por credores, em um processo que deve culminar no segundo pedido de recuperação judicial da companhia. A empresa tem 30 dias a partir da última sexta para fazer o pedido de reestruturação.
BIG TECHS MIRAM IA
O Google investiu US$ 300 milhões (R$ 1,53 bilhão) para ter cerca de 10% da startup de inteligência artificial Anthropic, que deverá usar o dinheiro para comprar infraestrutura de nuvem do próprio Google, conforme o acordo.
- A aquisição foi fechada no final do ano passado, mas divulgada no anúncio dos resultados de 2022 da Alphabet.
O que explica: apesar de a princípio ser um negócio envolvendo os serviços da empresa de buscas, o acordo mostra o interesse cada vez maior das big techs nas empresas de IA (inteligência artificial).
A Anthropic foi formada em 2021 por um grupo de pesquisadores que deixou a OpenAI, criadora do ChatGPT, após um negócio da startup com a Microsoft -que veio a ser ampliado neste ano.
- Tanto a Anthropic quanto a OpenAI são empresas que trabalham com a IA generativa, tecnologia que cria conteúdos a partir de comandos.
- Assim como a OpenAI, a Anthropic desenvolveu seu chatbot inteligente, chamado Claude, mas que não foi liberado ao público ainda. Mais sobre inteligência artificial e ChatGPT
- Veja como robôs têm produzido textos em agências publicitárias e gerado debate entre profissionais da área. Como usar o ChatGPT na prática? A qualidade da resposta depende diretamente da qualidade da pergunta, escreve o colunista Ronaldo Lemos. A inteligência artificial já pode te ensinar a investir melhor do que muitos influencers de investimentos no YouTube, no TikTok ou no Twitter, afirma o colunista Marcos de Vasconcellos.
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