SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) - O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou nesta terça (14) que os investidores precisam ter "mais boa vontade" com o governo. É mais uma sinalização em direção ao presidente Lula (PT) após discussões sobre a redução da taxa de juros.
"O investidor é muito apressado, afoito. Acho que a gente tem que ter mais boa vontade com o governo, 45 dias é pouco tempo. O ministro Haddad tem tido uma boa vontade enorme", diz Campos Neto.
Ele afirma que o governo está na direção certa com debates produtivos e que críticas são comum nessas situações. "Falar de juros e ter a crítica é natural. "Quanto mais forte as instituições, mais esse debate pode ser intenso sem afetar preço de mercado e expectativa", diz o presidente do Banco Central.
A taxa básica de juros - definida pelo Banco Central- está em 13,75%, o maior patamar desde janeiro de 2017. Quando a inflação está alta, o Banco Central sobe os juros para reduzir o consumo e forçar os preços a cair.
Na semana passada, Lula declarou que a taxa básica de juros é uma "vergonha" e que o BC deve explicação para a sociedade.
Em outro momento, o presidente do BC defendeu o atual sistema de metas para a inflação. Segundo ele, o mecanismo funciona bem. "Não é hora de fazer experimentos, mas de melhorar a credibilidade".
BEM-ESTAR SOCIAL
Nesta segunda (13), em entrevista ao programa Roda Viva, Campos Neto disse que o Banco Central foca no bem-estar social.
"A gente acredita que é possível fazer fiscal junto com o bem-estar social. Mas a gente acredita que é muito difícil ter bem-estar social e inflação descontrolada porque a inflação é um imposto que afeta muito a classe média baixa", disse Campos Neto.
Para a colunista do UOL, Mariana Londres, Campos Neto tentou afastar a imagem de ser um "infiltrado" de Jair Bolsonaro (PL) e quis reforçar vínculos com o presidente Lula (PT), com quem vive uma queda de braço em assuntos como redução da taxa básica de juros, meta de inflação e a autonomia do BC.
Campos Neto foi indicado ao cargo de presidente do BC em 2019, pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Ele é o primeiro no cargo após a lei que instituiu a autonomia política na autarquia federal, decretada em fevereiro de 2019, com mandato de quatro anos a frente do BC, sob argumento de blindá-lo de eventuais interferências políticas em medidas como os juros básicos. Campos Neto comanda a instituição até o final de 2024.
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