NOVA YORK, ESTADOS UNIDOS (FOLHAPRESS) - O Brasil voltou a ter uma agenda clara em relação à temática ESG, sigla em inglês para boas práticas ambientais, sociais e de governança, o que é visto como positivo pelos investidores internacionais, segundo avaliação do banco BNP Paribas.

Para Walter Ringwald, chefe da área corporativa e de fusões e aquisições para América Latina do banco francês, a mudança de governo foi percebida como melhor que o esperado pelo mercado, e o Brasil se mostra atualmente como uma economia mais estável entre países emergentes.

"O Brasil está de volta a essa agenda [ESG], o que é bom para os negócios", diz o executivo.

Ringwald afirma que, em geral, as mudanças de governo na América Latina não impactaram tanto o interesse do investidor, principalmente em projetos de infraestrutura, um tema que interessa tanto a governos de esquerda como de direita.

No Brasil, participou no ano passado do financiamento a operações como a obra da Linha-6 Laranja do metrô de São Paulo, a aquisição de negócios de geração hídrica ao Pátria e a participação da Maersk em leilão de área do Estaleiro Atlântico Sul.

Apesar da visão positiva em relação à economia brasileira, o BNP avalia que o México ainda é o queridinho dos investidores entre os emergentes da região, por fatores como previsibilidade política, proximidade com os EUA e equilíbrio fiscal --foi um dos países que menos elevou sua dívida durante a pandemia.

O banco francês, que está presente no Brasil e em outros cinco países da região (México, Colômbia, Chile, Peru e Argentina), vê com otimismo o fluxo de capital para a América Latina.

Mas diz que esse fluxo deve estar cada vez mais relacionado à agenda ESG.

Segundo Herve Duteil, diretor de Sustentabilidade do banco para as Américas, o mercado financeiro pode ser um catalisador para fornecer incentivos para fazer mais pela sustentabilidade. Ele destaca que essa agenda só ganhou destaque após os bancos mostrarem às empresas que quem estiver mais distante dessa pauta terá mais dificuldade de acesso a crédito.

Essa é uma agenda que tem andado de forma mais lenta nesta região em alguns setores. "A gente não vê as grandes companhias de petróleo da América Latina sendo tão agressivas [em energias renováveis] como as europeias", diz Duteil.

O BNP já financia mais energias renováveis do que óleo e gás e pretende reduzir em 80% o financiamento a combustíveis fósseis até 2030, segundo Ravina Advani, chefe do Grupo de Transição de Baixo Carbono e da área de Energia, Recursos Naturais e Renováveis nas Américas.

"Empresas mais alinhadas vão ter mais acesso a capital", diz Anne Van Riel, diretora de Mercados de Capitais de Finanças Sustentáveis na região.

Juros nos EUA Jean-Yves Fillion, CEO do BNP Paribas USA, espera que o Federal Reserve continue a ter uma postura "hawkish" em relação ao combate à inflação e eleve os juros para pelo menos 5,25% ao ano. Haveria, portanto, dois aumentos de 0,25 ponto percentual, nas reuniões de março e maio, com possibilidade de novas altas posteriormente.

"O consumidor americano continua gastando. Nós ainda vemos a economia indo bem", diz o executivo, destacando também o bom desempenho dos resultados das empresas. "Os EUA são a economia mais resiliente do mundo."

O estrategista do BNP Mark Howard complementa, ao afirmar que o processo de desinflação nos EUA será lento e que a instituição não projeta cortes de juros neste ano.

Segundo Howard, os consumidores já ajustaram seus orçamentos ao nível mais mais alto de preços, mas ainda não ajustaram seus gastos às taxas de juros mais elevadas

Ele afirma que os consumidores vão ter de fazer esse ajuste em algum momento do ano e que isso vai contribuir para a moderação da inflação.


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