RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) - Uma comitiva de ministros irá ao Rio Grande do Sul nesta quinta-feira (23) com a promessa de anunciar medidas de combate aos efeitos da estiagem que atinge o estado neste verão. Há expectativa de que sejam confirmadas ações como a renegociação de dívidas de produtores afetados pela seca.

Segundo as informações divulgadas pelo governo federal, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) não estará na viagem. O governo deve enviar cinco ministros ao Rio Grande do Sul.

São eles: Waldez Góes (Integração e Desenvolvimento Regional), Paulo Teixeira (Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar), Carlos Fávaro (Agricultura e Pecuária), Wellington Dias (Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome) e Paulo Pimenta (Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República).

O anúncio do pacote prometido pelo governo está marcado para ocorrer no município de Hulha Negra (cerca de 380 km de Porto Alegre), próximo à fronteira com o Uruguai.

"Estamos há alguns dias debatendo, formulando, o que é possível cada um [ministério] atender. Por parte do Ministério da Agricultura, por óbvio, temos que tratar de renegociação de dívidas, de alongamento de prazo dessas dívidas", disse o ministro Carlos Fávaro na manhã desta quarta-feira (22), em entrevista à Rádio Gaúcha.

"Estamos trabalhando, e precisamos ainda fechar hoje, linhas de crédito, se [isso] é agora ou durante o Plano Safra, que sai em alguns dias. Tem a questão emergencial de carros-pipa para abastecimento de água, de cisternas, de cestas básicas pelo Ministério do Desenvolvimento Social. Temos a questão de estoques reguladores de milho", acrescentou.

Como mostrou reportagem da Folha de S.Paulo, a falta de chuva voltou a castigar lavouras gaúchas neste ano, além de esvaziar açudes e dificultar as condições para a criação de gado.

Nos últimos quatro anos, esta é a terceira estiagem com efeitos consideráveis sobre a economia local. As outras duas ocorreram no início de 2020 e de 2022.

"A situação é bem preocupante", afirma o presidente da Fetag-RS (Federação dos Trabalhadores na Agricultura no Rio Grande do Sul), Carlos Joel da Silva.

A entidade defende ações emergenciais para o combate aos efeitos da estiagem. Prorrogação e descontos em financiamentos agrícolas, reforço na distribuição de água em caminhões-pipa e envio de cestas básicas a famílias afetadas fazem parte dessa lista.

Silva também considera que é preciso elaborar medidas de caráter estrutural, já que as secas trazem problemas recorrentes. Nesse sentido, ele defende que os governos federal e estadual subsidiem a construção de reservatórios para armazenamento de água durante o ano nas propriedades rurais.

Municípios gaúchos estimam um prejuízo de R$ 13 bilhões com a nova seca em 2023, segundo dados divulgados na sexta-feira (17) pelo governo estadual. Esse valor ainda deve ser validado e pode mudar até o fim da safra.

Na sexta, a partir de dados da Emater-RS, o governo também indicou que as projeções para a produção de soja e de milho foram revisadas para baixo em 20,8% e 30,6%, respectivamente.

A estiagem é associada por especialistas ao fenômeno La Niña. O evento climático é responsável por afetar a circulação dos ventos e a distribuição das chuvas. Quando atinge o país, costuma provocar seca no Sul.


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