SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Governos vetam TikTok de dispositivos oficiais, reoneração da gasolina e o que importa no mercado nesta quarta-feira (1).
TIKTOK BANIDO
A Casa Branca deu um ultimato de 30 dias a partir desta segunda (27) para que o TikTok seja excluído de todos os celulares do governo americano.
Entenda: a ordem vem após uma lei aprovada no fim do ano passado pelo Congresso com a justificativa de preservar informações sigilosas. A decisão não impacta os mais de 100 milhões de usuários do app nos EUA.
As autoridades suspeitam que a plataforma seja usada para espionagem. No país, cerca de 19 dos 50 estados também vetam o app em celulares do governo e grandes universidades barram a plataforma de suas redes Wi-Fi.
A ByteDance, empresa dona do app, afirma não coletar mais dados do que outras plataformas semelhantes.
Nesta terça, foi a vez de o Canadá anunciar a suspensão do TikTok em celulares do governo. A União Europeia tomou medida semelhante na semana passada.
A China respondeu que a decisão da Casa Branca excede os limites do conceito de segurança nacional e representa um abuso de poder do Estado para reprimir empresas estrangeiras.
Cerco regulatório: a pressão sobre a rede social chinesa é a maior no país desde 2020, quando o ex-presidente Donald Trump tentou bani-lo do país, mas acabou perdendo uma série de batalhas judiciais sobre a medida.
No Senado, o republicano Marco Rubio encampa um projeto de lei bipartidário para proibir o app chinês em todo o território americano.
Para tentar reverter a animosidade com as autoridades, a ByteDance fechou um acordo no meio do ano passado com a americana Oracle, que ficou responsável por armazenar nos seus servidores na nuvem os dados dos usuários do país.
**BIG TECHS SÃO PUXADAS PARA NOVA BRIGA**
Uma queda de braço entre empresas de telecomunicação e big techs ficou escancarada na edição deste ano do MWC (Mobile World Congress), principal evento do setor de telecom no mundo, que acontece em Barcelona.
Entenda: a disputa acontece em meio à discussão na União Europeia do que vem sendo chamado de "partilha justa", proposta em que as grandes empresas de tecnologia ajudem a bancar os custos com infraestrutura de telefonia.
De um lado, as telecoms afirmam que a demanda por tráfego de dados deve explodir nos próximos anos e defendem que cinco big techs, por concentrarem metade do tráfego total, arquem com parte dos custos para expansão da rede.
De outro lado, as tecs, representadas na conferência por Greg Peters, CEO da Netflix (uma das cinco citadas), afirmam que elas ajudaram a trazer clientes para as operadoras, e que o aumento de tráfego não causou uma alta de custo para as empresas de internet por causa da melhora na eficiência dos sistemas.
Mais sobre MWC
O uso de IA (inteligência artificial) em sistemas governamentais de defesa deve ajudar nas tarefas de humanos, mas não substituí-los na tomada de decisões, afirma Jim Taiclet, CEO da Lockheed Martin, fabricante de produtos aeroespaciais e de defesa.
**OS NOVOS VALORES DOS IMPOSTOS SOBRE GASOLINA E ETANOL**
O governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) anunciou nesta terça (28) os valores da reoneração dos tributos sobre combustíveis após oito meses de isenção, além de um imposto sobre exportações de petróleo.
A alíquota de PIS/Cofins vai subir a R$ 0,47 por litro da gasolina e a R$ 0,02 por litro do etanol ?numa tentativa do governo de incentivar o consumo do biocombustível?, enquanto a Cide continua zerada.
Antes da desoneração, as cobranças eram de R$ 0,69 por litro da gasolina e R$ 0,24 sobre o etanol, valores que devem voltar a valer em julho caso não haja mudanças no Congresso.
Continuam isentos até o fim do ano: diesel, biodiesel e gás de cozinha, conforme previsto na MP editada no começo do novo governo. Querosene de aviação e o GNV (gás natural veicular) agora têm a desoneração prorrogada por mais quatro meses.
No Orçamento: a reoneração parcial tirará R$ 6,6 bilhões da expectativa de R$ 28,9 bilhões de receita anunciada anteriormente. É aí que entra o imposto de 9,2% sobre exportações de petróleo por quatro meses, com promessa de arrecadar os R$ 6,6 bilhões faltantes.
Para os representantes do setor de óleo e gás e analistas do mercado, a medida é preocupante, porque pode abrir um precedente para que a taxa se torne permanente.
Reajuste da Petrobras: em decisão negociada com governo, a estatal cortou nesta terça os preços da gasolina em suas refinarias em 3,9%, ou R$ 0,13 por litro. O diesel também teve redução, de 1,9%, ou R$0,08 por litro.
E o impacto para o consumidor? Considerando o preço médio do combustível no país há duas semanas, de R$ 5,07 por litro, somando os R$ 0,47 de imposto e subtraindo os R$ 0,13 por litro do reajuste, o preço da gasolina na bomba deve voltar a bater os R$ 5,50, na projeção da Ativa Corretora.
O valor final, porém, depende de diversos fatores, como a política comercial de distribuidoras e postos e a variação do etanol anidro, que representa 27% da mistura vendida nos postos.
Opinião:
Acabar com a desoneração da gasolina seria uma ótima medida mesmo se não estivéssemos tão preocupados com o déficit público, escreve Bernardo Guimarães.
Para Vinicius Torres Freire, Haddad vence batalha da gasolina e mantém plano fiscal, mas leva tiros ruins.
Reoneração de combustíveis torna urgente orçamento para o carro, afirma Maria Inês Dolci.
**BOLSA TOMBA 7% NO MÊS**
Em um mês que começou marcado por ruídos entre o governo e o Banco Central e terminou com a taxação sobre exportações do petróleo, a Bolsa brasileira acumulou queda de 7,5%, enquanto o dólar teve avanço de 2,9% ante o real em fevereiro.
Nesta terça, o Ibovespa encerrou o pregão em queda de 0,74%, a 104.931 pontos, no segundo pior patamar de fechamento do ano, atrás apenas de 3 de janeiro. O dólar subiu 0,36%, a R$ 5,22, cotação mais alta desde o dia 10 de janeiro.
O dia ficou marcado pelos anúncios do governo para a reoneração dos combustíveis e do imposto temporário de exportação sobre petróleo para compensar a queda na arrecadação.
As petroleiras listadas na Bolsa tombaram. As privadas Prio (ex-PetroRio) e 3R Petroleum caíram aproximadamente 9% e 7%, respectivamente.
A Petrobras, que também foi afetada pelo timing do reajuste anunciado e por notícias sobre mudança na política de dividendos, viu suas ações ordinárias recuarem 4,38%, e as preferenciais, 3,47%.
Outro destaque do pregão ficou para o GPA (Grupo Pão de Açúcar), cujos papéis despencaram 7,16% depois de a empresa ter divulgado prejuízo líquido de R$ 1,1 bilhão no último trimestre de 2022, resultado bem pior que o esperado pelos analistas.
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