RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) - O BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) teve lucro líquido recorrente de R$ 12,5 bilhões em 2022, último ano do governo Jair Bolsonaro (PL).
O resultado equivale a uma alta de 46,2% em relação a 2021 (R$ 8,6 bilhões), de acordo com balanço divulgado pela instituição nesta terça-feira (14).
O valor de R$ 12,5 bilhões foi obtido a partir do lucro contábil líquido de R$ 41,7 bilhões deduzido de efeitos de caráter extraordinário que não devem ser repetidos nos anos seguintes, segundo o banco.
Entre os efeitos citados estão receita de dividendos da Petrobras (R$ 17,2 bilhões), recebimento de valores obtidos pela Oi, venda de ações e mudanças no registro contábil da participação na JBS.
A gestão de Gustavo Montezano, que presidiu o BNDES na maior parte do governo Bolsonaro, foi marcada por medidas como a venda de ações de grandes empresas.
O argumento era de que essas companhias já haviam se desenvolvido e não precisavam mais do suporte da instituição. Ao mesmo tempo, o banco público buscou estruturar concessões e privatizações, além de devolver recursos para o Tesouro Nacional.
O novo comando do BNDES, no governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT), sinaliza uma posição mais atuante da instituição como financiadora de projetos.
Ao tomar posse em fevereiro, o novo presidente do banco, Aloizio Mercadante, defendeu atenção especial à indústria, que perdeu participação nos financiamentos ao longo dos últimos anos.
Na ocasião, Mercadante disse que o Brasil não pode ser somente "a fazenda do mundo", deixando bens industriais para trás enquanto commodities agrícolas ganham espaço no exterior.
A nova direção também planeja lançar um novo instrumento para captar recursos no mercado e reduzir a dependência do Tesouro. Foi o que indicou o diretor de Planejamento do BNDES e ex-ministro da Fazenda, Nelson Barbosa, em entrevista publicada pela Folha neste mês.
A Letra de Crédito de Desenvolvimento (ou LCD), como vem sendo chamada, poderia receber investimentos até mesmo de pessoas físicas, com formato e remuneração semelhantes a opções financeiras existentes hoje, incluindo LCI e LCA (letras de crédito imobiliário e agrícola, respectivamente).
A nova gestão também estuda flexibilizar o uso da taxa de juros do banco, a TLP (Taxa de Longo Prazo). Esse mecanismo foi criado no governo Michel Temer (MDB) para impedir que o BNDES emprestasse recursos a clientes a taxas menores do que o custo de captação do Tesouro.
A recriação do crédito subsidiado seria voltada a segmentos considerados estratégicos, sob autorização do CMN (Conselho Monetário Nacional) e com limites de valores para evitar um "cheque em branco".
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