BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - O ministro da Casa Civil, Rui Costa, disse nesta terça-feira (21) que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) escolheu os nomes sugeridos por Fernando Haddad (Fazenda) para as vagas de diretores do Banco Central.
"O Haddad levou os dois nomes, ele conversou com os dois, aprovou e vai indicar os dois nomes ao Senado assim que retornar [da China]", disse Costa, em entrevista à GloboNews.
Um dos nomes cotado é o do ex-diretor do Banco Central na gestão Dilma Rousseff (PT) Luiz Awazu Pereira da Silva, para a diretoria de Política Monetária da instituição. O mandato do atual titular, Bruno Serra Fernandes, expirou no final de fevereiro.
A escolha do futuro diretor cabe ao chefe do Executivo, que protagonizou embates com o presidente do BC, Roberto Campos Neto. Aliados de Lula defendem um nome que seja "equilibrado".
Haddad vai acompanhar a comitiva presidencial à China. Lula viajará 25 de março e retornará dia 1º de abril.
O chefe do Executivo concedeu entrevista à TV Brasil 247 nesta manhã e voltou a criticar a Selic (taxa básica de juros), que disse ser uma chamou de "irresponsabilidade" mantê-la no patamar de 13,75. O presidente disse que vai continuar "batendo" e "tentando brigar" para que ela possa ser reduzida.
Lula também voltou a atacar o presidente do BC, Roberto Campos Neto, embora não o tenha citado nominalmente.
O chefe do Executivo afirmou que não pode demiti-lo, pois depende do Senado para encerrar o seu mandato. No entanto, acrescentou que ele não se importa com os termos previstos na legislação que prevê a autonomia do BC.
O mandatário foi questionado sobre a possibilidade de o Copom (Comitê de Política Monetária) do BC manter a taxa básica em 13,75% em sua próxima reunião, cuja decisão do colegiado será anunciada nesta quarta-feira (22).
Há um consenso no mercado financeiro que a Selic será mantida no atual patamar pela quinta reunião consecutiva, a segunda sob o governo Lula. Para uma parcela dos analistas, não há espaço para corte de juros antes do segundo semestre.
O Copom se reúne a cada 45 dias para recalibrar a taxa básica. O último encontro do colegiado do BC havia sido nos dias 31 de janeiro e 1º de fevereiro.
"Não posso demiti-lo porque depende do Senado, mas deixa eu te contar uma coisa. Eu acho um absurdo a taxa de juros estar a 13,75% no momento em que a gente tem os juros mais alto do mundo, no momento em que não existe uma crise de demanda. Existe excesso de demanda. Nós temos 33 milhões de pessoas passando fome, desemprego crescendo, a massa salarial caindo", afirmou o presidente.
A ideia inicial do governo Lula era discutir a escolha com Campos Neto, que, por sua vez, tinha a expectativa de tomar uma decisão em consenso com a gestão Lula.
O presidente do BC chegou a iniciar conversas com economistas da iniciativa privada em busca de um novo nome para a diretoria de Política Monetária. Como mostrou a Folha, um dos sondados foi o economista Sandro Mazerino Sobral, líder de mercados do Santander Brasil. Segundo Campos Neto, a função exige uma interação grande com o mercado financeiro por lidar com câmbio e leilões
Depois de ir a campo buscar nomes, Campos Neto se retraiu na esteira das desavenças públicas com Lula. Integrantes do governo chegaram a dizer que o presidente do BC teria perdido a capacidade de influenciar os novos nomes em meio aos ataques.
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Rui Costa
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