SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A expectativa para a divulgação das taxas de juros no Brasil e nos Estados Unidos resulta em estabilidade da Bolsa nesta quarta-feira (22). Os investidores esperam principalmente pela decisão do Fed (Federal Reserve, o banco central americano), que sai às 15h00 (horário de Brasília). O BC (Banco Central) anuncia sua decisão após as 18h00, com os mercados já fechados.

Na espera pela chamada "Super Quarta", o dólar operava em alta, na contramão da tendência global. O câmbio reflete principalmente a preocupação com o conteúdo das novas regras fiscais elaboradas pelo governo, que serão divulgadas só em abril, após visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT à China.

Às 12h30 (horário de Brasília), o Ibovespa operava em alta de 0,01%, a 101.009 pontos. O dólar comercial à vista subia 0,30%, a 5,263.

No mercado de juros futuros, as taxas sobem, mas próximas da estabilidade, também em compasso de espera pelas decisões de Fed e BC. Nos contratos para janeiro de 2024, os juros saíam operavam estáveis em relação ao fechamento da última terça-feira (21), em R$ 13,01%. Para janeiro de 2025, a taxa passava de 12,10% para 12,05%. No vencimento em janeiro de 2027, os juros recuam de 12,42% para 12,34%.

No mercado, há quase um consenso sobre quais devem ser os caminhos tomados pelos dois bancos centrais. Nos EUA, a projeção é de aumento de 0,25 ponto percentual, com a taxa de juros indo a um intervalo entre 5% e 5,25%. No Brasil, a expectativa é que a Selic seja mantida em 13,75% ao ano.

Alex Lima, estrategista-chefe da Guide Investimentos, afirma que a decisão do Fed será particularmente desafiadora, com fundamentos que justificam tanto o aumento em 0,25 ponto quanto a manutenção da taxa atual.

"O equilíbrio será delicado. Uma pausa deveria ser acompanhada de uma linguagem mais dura com relação à inflação. Uma alta deveria reconhecer os riscos recentes de desestabilização do setor bancário", diz Lima.

Para Beto Saadia, economista e sócio da Nomos, qualquer decisão tomada pelo Fed terá algum aspecto negativo. "Seguir o plano e aumentar os juros pode aumentar o nível de contágio no sistema bancário. Não elevar a taxa pode impedir este contágio, mas trará uma perda de credibilidade".

Na Europa, o discurso do BCE (Banco Central Europeu) continua na direção do combate à inflação. Na manhã desta quarta-feira, a presidente da autoridade monetária europeia, Christine Lagarde, disse que o BCE vai adotar uma abordagem "robusta" para combater os preços ainda em alta na Zona do Euro.

No Brasil, as atenções devem ser maiores ao tom do comunicado que acompanha a decisão. Para Jansen Costa, sócio fundador da Fatorial Investimentos, o BC poderia usar um tom diferente se as novas regras fiscais já estivessem definidas.

"Como não é o caso, acredito que o comunicado vai focar muito mais na piora do cenário global que vimos na última semana. Não deve mudar muito em relação à ata da reunião anterior", diz Costa.

Para a Levante Investimentos, a tarefa do BC também é difícil, especialmente na reunião que termina nesta quarta. "Se errar o tom no comunicado, o BC pode sinalizar que está cedendo às pressões políticas. Se indicar que manterá os juros elevados por mais tempo, pode dar a impressão que faz isso exatamente para se contrapor a essas pressões".

A equipe da Mirae Asset tem uma projeção diferente. Para a corretora, a escolha de Rodolfo Fróes para assumir a diretoria de Política Monetária, e de Rodrigo Monteiro para a diretoria de Fiscalização do BC pode ter sido um "empurrão" para um comunicado que indique corte de juros em 2023.

Os nomes foram bem recebidos pelo mercado. A Mirae aponta que Fróes é um profissional do mercado, bom conhecedor das mesas de operações dos bancos. No caso de Monteiro, a corretora aponta que por ser funcionário de carreira do BC, ele "conhece bem as engrenagens" da instituição.

Em Nova York, o comportamento dos índices de ações também reflete um compasso de espera. Às 12h30 (horário de Brasília), o Dow Jones e o S&P 500 operavam próximos da estabilidade, com queda de 0,08% e 0,01%, respectivamente. O Nasdaq operava em alta de 0,21%.


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