SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O desempenho que o agora governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), vai apresentar na condução da greve dos metroviários levantou a curiosidade de caminhoneiros que negociaram com ele nos últimos anos.

Na posição de então ministro da Infraestrutura do governo Bolsonaro, Tarcísio ficou responsável pela interlocução com os motoristas para tentar pacificar a sequência de ameaças de greves nas estradas e costumava ser apontado como um negociador habilidoso, embora firme.

Em um dos diálogos de Tarcísio com os caminhoneiros, que veio a público por meio de um áudio de Whatsapp em 2019, o então ministro terminava a conversa com um "tamo junto".

Para Wallace Landim, conhecido como Chorão, uma das lideranças que emergiu na grande paralisação de 2018, o contexto desta vez é outro. Se antes Tarcísio precisava ouvir outros setores do governo, agora ele tem a caneta na mão, diz o caminhoneiro.

"Hoje ele tem a caneta, pode ser que ele atenda. Mas o Tarcísio gosta de ir para o embate. Esse é o perfil dele. Antes, quando a gente ia discutir algumas questões com o então ministro referente ao transporte, ele já colocava na mesa que ia tentar. Dizia o que conseguia e o que não conseguia fazer, porque envolvia outros ministérios. Agora, na posição em que está hoje, ele tem autonomia para decidir", diz Chorão.

Na opinião de José Roberto Stringasci, da ANTB (Associação Nacional de Transporte do Brasil), a maioria dos caminhoneiros que participavam das negociações com Tarcísio eram leigos, e o perfil do metroviário é diferente.

"Não foi difícil ele, com promessas, levar esses motoristas várias vezes para Brasília até que a maioria se cansou de ir porque não tinha mais condições financeiras nem psicológicas. Em São Paulo, como governador, ele vai pegar uma coisa bem diferente, porque aqui ele vai lidar com sindicalistas profissionais conhecedores da lei que não vão se deixar levar por qualquer promessa vazia", afirma.

Plinio Dias, presidente do CNTRC (Conselho Nacional do Transporte Rodoviário de Cargas), concorda. "O Tarcísio não fez nada para a categoria. Era uma pessoa bem difícil de lidar, tinha que ser da maneira que ele queria e ponto final. O que ele fazia era desarticular todas as uniões que os caminhoneiros faziam", afirma Dias.


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