HANOVER, ALEMANHA (FOLHAPRESS) - Carrinhos autônomos levam peças de um lado para o outro na fábrica de veículos comerciais da Volkswagen, em Hanover. Orientados por sensores, não precisam de operadores e param se alguém cruzar seu caminho. São também elétricos, bem como a iD. Buzz produzida ali.
A casa da Kombi elétrica está de pé há 67 anos e é um símbolo da reconstrução alemã no pós-guerra. As operações começaram em março de 1956 e seguem até hoje. Mais de 10 milhões de veículos foram montados desde então.
Christian Buhlmann, responsável pela área de comunicação da montadora, explica que todas as gerações da van foram produzidas ali --o Brasil só conheceu as duas primeiras. Ele se refere ao veículo como Bulli, seu nome no país de origem. É a junção das palavras "bus" e "lieferwagen" (carro de entregas em alemão).
Da fábrica original só restaram as paredes e a história. A iD. Buzz divide espaço com outras duas vans da Volkswagen, mas é a versão elétrica que chama a atenção nas linhas de montagem. "É o veículo mais emocional da família iD", diz Buhlmann.
O apelo da Kombi futurista fez a produção ser dobrada neste ano. Cerca de 200 unidades são montadas por dia, em um processo altamente robotizado. Até a parte plástica do painel, que recebe os instrumentos e a central multimídia, é fixada por meio de braços eletrônicos.
A carroceria da iD. Buzz vem em uma esteira. Ao lado está a fila de painéis, que também se movimentam em uma dança sincronizada. O braço do robô ergue o componente e o direciona para o interior da cabine, que ainda não tem portas. A peça é encaixada e aparafusada sem intervenção humana.
Os operários fazem os ajustes finos e trabalham na programação das máquinas. Dessa forma, os riscos de acidentes são minimizados.
O encaixe da bateria também é automatizado, e não poderia ser de outra forma. O conjunto pesa 700 quilos e armazena energia suficiente para a Kombi elétrica rodar cerca de 400 quilômetros.
Mas os robôs não dão conta de atender a demanda global pelo modelo, principalmente se tiver a carroceria em duas cores. Essa fase da montagem dá um trabalhão, é preciso repetir o processo de pintura.
O tempo de espera até a entrega, que é estimado em um ano para as opções monocromáticas, chega a 18 meses na versão "saia-e-blusa". Há mais de 20 mil pedidos pendentes, e não se trata de um veículo barato. Na Alemanha, a iD Buzz para passageiros custa o equivalente a R$ 360 mil.
O Brasil está nessa fila, e pode ser beneficiado pelo desinteresse da China. Buhlmann afirma que a Kombi elétrica não empolgou por lá. Além de o modelo não ter apelo emocional naquele mercado, as vans são vistas como veículos meramente comerciais.
O executivo diz ainda que, na faixa de preço atual, os chineses têm predileção por SUVs de luxo. E nem a iD. Buzz vai escapar dessa onda.
Uma das opções que deve chegar em breve ao mercado é a GTX, com tração nas quatro rodas. Será o renascimento eletrificado da Kombi Syncro, modelo da terceira geração que tinha apelo fora de estrada. Essa versão não chegou ao Brasil.
O jornalista viajou a convite do Volkswagen Group
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