BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - O vice-presidente da República e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, aumentou nesta segunda-feira (27) o coro de críticas do governo federal à taxa básica de juros, que foi mantida na semana passada em 13,75% ao ano.

Alckmin afirmou que "não há nenhuma razão" que justifique o Brasil ter atualmente "a maior taxa de juros do mundo".

Geraldo Alckmin participou na tarde desta segunda-feira (27) da cerimônia de posse do novo presidente do Conselho Nacional do Sesi, o ex-presidente da CUT (Central Única dos Trabalhadores), Vágner Freitas.

O vice-presidente afirmou que o país sempre teve três grandes obstáculos para o seu crescimento, que seria o câmbio, os impostos e a taxa de juros.

"Eu sempre ouvi que nós tínhamos três dificuldades: juros, imposto e câmbio. O câmbio agora está bem, o câmbio agora é só estabilidade, não permitir grandes oscilações. O imposto, estamos aí na iminência de termos aí, se Deus quiser, finalmente uma simplificação tributária, que vai dar um impulso na indústria e no emprego", afirmou o vice-presidente.

"E o juros vamos trabalhar para baixar, porque não tem nenhuma razão, não tem demanda que justifique ter o maior juros do mundo. E isso dificulta enormemente", completou.

Na quarta-feira (22), o Banco Central não cedeu à pressão do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para redução dos juros, mantendo a taxa básica de juros em 13,75%. A decisão provocou críticas de diversos integrantes do governo Lula.

Fernando Haddad (Fazenda) disse considerar "muito preocupante" o tom do comunicado do BC.

A presidente do PT, Gleisi Hoffmann (PR), foi às redes sociais questionar, de forma retórica, se o presidente da instituição, Roberto Campos Neto, não entendeu o "compromisso" dele com o Brasil. As centrais sindicais também reagiram de forma negativa.

O ministro Alexandre Padilha (Secretaria de Relações Institucionais) afirmou que esse patamar é "desproporcional".

Padilha ainda disse que tem "certeza absoluta" de que não foi pela falta de apresentação da proposta de novo marco fiscal --adiada para abril-- que a autoridade monetária manteve a taxa de juros. Também acrescentou que o governo tem uma base grande o suficiente para aprovar a nova regra fiscal.

"O que ouço dos empresários, de economistas, de lideranças políticas do Congresso Nacional, sobretudo empresários [...] o que eu ouço de todos eles é que a situação dos juros no país é desproporcional em relação aos outros países do mundo, a realidade que estamos vivendo", afirmou o ministro.

Alckmin também afirmou, em sua breve fala, que o governo Lula está atuando e obtendo resultados na busca por expandir o comércio exterior do Brasil. Citou inicialmente as viagens do mandatário à Argentina e ao Uruguai.

O vice-presidente argumentou que grande parte do comércio mundial se dá dentro de uma mesma região. Citou o exemplo dos países da União Europeia, que concentram 60% do comércio dentro do bloco. " Embora o mundo seja globalizado, o comércio é intrarregional", afirmou.

O vice-presidente e ministro também lembrou que a viagem aos Estados Unidos resultou na retirada do Brasil da lista antidumping americana referente às chapas de aço carbono. Alckmin também comentou o cancelamento da viagem de Lula à China, afirmando que "adia um pouquinho" mas que será reagendada para "mais à frente".


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