MADRI, ESPANHA (FOLHAPRESS) - O crescimento do comércio global e do PIB mundial em 2023 deverá ser abaixo da média dos últimos 13 anos, alertou a OMC (Organização Mundial do Comércio) nesta quarta (5), em Genebra, na Suíça.
A previsão para este ano é de crescimento de apenas 1,7% do volume de comércio de bens entre países, que não inclui serviços. O mesmo estudo estima que o PIB global aumentará 2,4% neste ano.
Mesmo assim, a previsão é maior do que a estimativa feita em outubro, quando o número era de apenas 1% para 2023. Os economistas da OMC atribuíram essa melhoria ao relaxamento, após três anos, das medidas de Covid-19 na China, o que está impactando o comércio não apenas no país, mas globalmente.
As novas marcas, no entanto, ficam abaixo da média desde 2010. Segundo esses cálculos, o crescimento do comércio tem sido de 2,6% ao ano, e do PIB, de 2,7%.
Efeitos da guerra na Ucrânia, inflação persistentemente alta, política monetária mais restritiva e incerteza do mercado financeiro são algumas, mas não as únicas, razões da previsão pessimista para 2023.
"Os efeitos prolongados do Covid-19 e as crescentes tensões geopolíticas foram os principais fatores que impactaram o comércio e a produção em 2022 e provavelmente será o caso em 2023 também", afirmou o economista-chefe da OMC, Ralph Ossa.
"O aumento das taxas de juros nas economias avançadas também revelaram fraqueza nos sistemas bancários, que pode levar a uma instabilidade financeira mais ampla se não for controlada. Governos e reguladores precisam estar alertas para esses e outros riscos financeiros nos próximos meses", disse Ossa.
Para o diretor-geral da OMC, Ngozi Okonjo-Iweala, "o comércio continua a ser uma força de resiliência na economia global, mas permanecerá sob pressão de fatores externos em 2023. Isso torna ainda mais importante para os governos evitar a fragmentação do comércio e abster-se de introduzir obstáculos ao comércio".
"Investir na cooperação multilateral no comércio, como os membros da OMC fizeram em nossa 12º Conferência Ministerial, em junho passado, reforçaria o crescimento econômico e os padrões de vida das pessoas no longo prazo", completou o diretor-geral.
As novas marcas deixam a economia mundial em situação pior do que no ano passado, quando o comércio cresceu 2,7%. Por outro lado, as previsões da OMC para 2022 não se concretizaram. A agência esperava um crescimento de 3,5%, mas "um declínio mais acentuado do que o esperado no quarto trimestre atrapalhou o crescimento do ano".
Nada que se compare a 2021, em que, após um ano de retração pandêmica em 2020, o comércio deu um salto de incríveis 9,4%. E, para 2024, a OMC parece estar otimista: prevê um crescimento de 3,2% no comércio e de 2,6% no PIB.
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