PEQUIM, CHINA (FOLHAPRESS) - Saudado por Aloizio Mercadante, presidente do BNDES, como responsável pela queda do dólar para menos de R$ 5, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que já via a moeda brasileira abaixo de seu valor real.
"Eu sempre imaginei que o real estava muito desvalorizado, que não havia razão, sobretudo depois de se fixar uma taxa de juros no patamar atual, coisa que já vai para quase um ano", disse, durante coletiva com a comitiva brasileira, em Pequim.
Haddad disse acreditar também que a mudança viria "se tomássemos as medidas que estamos tomando", acrescentando depois: "O Brasil é uma economia muito mais forte do que ela própria se enxerga. A economia brasileira responde muito rapidamente a estímulos adequados".
O ministro defendeu "harmonia" entre os poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, para o real "voltar para um patamar mais adequado" de forma estável. E que o mesmo vale para o Banco Central presidido por Roberto Campos Neto, que não foi citado pelo nome.
"Tenho insistido na harmonização da política fiscal com a monetária", disse Haddad. "Não adianta nada de um lado eu fazendo um trabalho e o Banco Central não acompanhar o movimento, na direção de convergir numa política sustentável de crescimento com baixa inflação, distribuição de renda, sustentabilidade ambiental, que é o que todo mundo quer."
Questionado sobre a adoção de moedas próprias para o comércio, que entrou na declaração conjunta de Lula e o líder chinês Xi Jinping, o ministro sublinhou que "é uma ideia que está há muito tempo na mesa de negociação entre os Brics, no âmbito do Mercosul, e o presidente Lula restabeleceu essa agenda".
Para tanto, teria pedido agora para a Fazenda, junto com o ministério das finanças da China, "se debruçar sobre o tema a aprofundar as possibilidades de um intercâmbio em moeda local", o que passará a fazer.
A declaração conjunta, que saiu na noite de sexta, incluiu a assinatura de um memorando entre os ministérios brasileiro e chinês concordando em "aprofundar o diálogo na área econômico-financeira e fortalecer o comércio em moedas locais".
Questionado sobre a reação que espera dos Estados Unidos, com a maior aproximação do Brasil com a China, Haddad respondeu que espera "mais parceria com os Estados Unidos", argumentando que o Brasil tem que vencer a "etapa anterior de isolamento do país".
"O Brasil é grande demais para ficar escolhendo parceiro", disse. "Não faz sentido você se aproximar de um para se afastar de outro. Tudo o que a área econômica quer, com o patrocínio do presidente, é voltar à mesa. O Lula fala toda vez, 'O Brasil voltou'. Voltou para o mundo, não para um lado ou outro."
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