RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) - Em assembleia de acionistas realizada nesta quinta-feira (27), o governo decidiu intervir na proposta de aumento da remuneração dos diretores da Petrobras, que havia sido aprovada pelo conselho de administração da estatal no fim de março.

Com votos suficientes para decidir sozinha, a União levou à assembleia nova proposta recomendada pela Sest (Secretaria de Coordenação e Governança das Empresas Estatais), que reduz de 43,88% para 9% o percentual de reajuste.

Em reunião no dia 23 de março, o conselho da Petrobras informou que encaminharia aos acionistas uma proposta de correção da remuneração fixa dos administradores pelo INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor) acumulado de 2013 a 2022, período em que o índice registrou alta de 43,88%.

Em nota distribuída na época, a Petrobras alegou que a decisão considerou os resultados positivos obtidos pela companhia nos últimos anos e a defasagem da remuneração dos administradores em relação ao mercado, agravada por anos de congelamento de salários de sua direção.

O aumento do salário mensal dos diretores contribuiu para elevar em 85% a proposta de orçamento global dos administradores da companhia, inflada também com a previsão de pagamento de até R$ 16 milhões em bônus durante o ano de 2023.

Parte desse valor representa a bonificação pelo lucro recorde atingido em 2022, mas há também parcelas remanescentes de bônus por resultados anteriores.

A redução do reajuste foi criticada na assembleia. Representante de minoritários, o advogado Daniel Alvez Ferreira questionou ingerência da Sest na companhia.

O presidente da assembleia e também advogado Francisco da Costa e Silva criticou a lei que limita os vencimentos de conselheiros de estatais a 10% dos salários da diretoria. Para ele, é incompatível com os riscos assumidos pelos executivos.

No ano passado, o então Ministério da Economia apontou que os executivos da Petrobras e de parte de suas subsidiárias tinham os maiores salários entre as empresas públicas federais.

Dados da época mostram que o presidente da petroleira tem salário de cerca de R$ 116,8 mil, além de 13º e adicional de férias. Esse valor não inclui a remuneração variável, que depende dos resultados da companhia.

Caso fosse aprovado o reajuste, o salário do presidente, Jean Paul Prates, chegaria a cerca de R$ 168 mil. Já a remuneração básica de um diretor subiria de R$ 111,2 mil para quase R$ 160 mil.

Com a proposta aprovada em assembleia, o salário do presidente passa a R$ 127 mil. Já os diretores ficarão com R$ 121 mil.


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