SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A Bolsa brasileira fechou em alta nesta quinta-feira (4) puxada por ações de empresas do setor bancário e da Petrobras, após ter operado em queda no início da tarde.

O Ibovespa encerrou o dia com ligeira alta de 0,37%, a 102.174 pontos. O dólar ficou praticamente estável (avanço de 0,06%), a R$ 4,993.

Em um dia de volatilidade, com a crise dos bancos regionais americanos no radar de investidores, o desempenho positivo de Petrobras e bancos, sobretudo, evitou que o índice encerrasse o dia no vermelho.

A estatal teve alta de 1,38% em suas ações ordinárias e de 1,58% nas preferenciais com a alta do petróleo Brent, que subiu 0,36%, e a divulgação de dados sobre a produção de petróleo da companhia.

Também tiveram alta as ações do Bradesco (2,33%) e do Itaú (0,8%), que estiveram entre as mais negociadas da sessão, e da Renner (6,11%). A Ultrapar teve o maior ganho do dia, com subida de 11,81%.

Na direção contrária, as ações da Vale caíram, pressionando o Ibovespa para baixo, após dados de atividade industrial da China mais fracos do que o esperado e com o aumento do preço do minério de ferro. A empresa registrou perda de 3,04% nas negociações desta quinta.

A pressão negativa, no entanto, veio sobretudo do cenário externo. Nos EUA, a crise bancária, que atinge instituições de médio porte, segue afetando os principais índices de ações.

O banco PacWest afirmou nesta quinta que foi abordado por potenciais parceiros e investidores sobre uma possível venda, aprofundando ainda mais os temores do mercado.

Bancos regionais americanos têm registrado queda desde o início da semana, após a falência do First Republic, comprado pelo JP Morgan.

As ações do PacWest caíram 50,55% nesta quinta, estendendo as perdas registradas desde o início da semana. O Western Alliance, outro importante banco regional americano, caiu 38,73% no dia.

Com isso, os principais índices americanos fecharam em baixa e pressionaram a Bolsa brasileira. Dow Jones teve queda de 0,86%, enquanto o S&P 500 e o Nasdaq caíam 0,72% e 0,49%, respectivamente.

"O PacWest é mais uma prova de que a crise bancária dos EUA ainda não acabou", disse Stuart Cole, economista da Equiti Capital.

Os mercados também reagiram às decisões de juros da véspera. Na quarta-feira (3), o Fed (Federal Reserve, o banco central americano) elevou a taxa em 0,25 ponto percentual, para a faixa de 5,00% a 5,25%, e sinalizou uma pausa em seu ciclo de alta, dando às autoridades tempo para avaliar as recentes falências bancárias, a situação do teto da dívida dos EUA (cuja elevação está em disputa entre republicanos e o presidente americano, Joe Biden) e a inflação persistente.

No Brasil, o mercado repercutiu a decisão do Copom (Comitê de Política Monetária) de manter a Selic (taxa básica de juros) em 13,75% ao ano, em linha com o esperado pelo mercado. O comitê citou o arcabouço fiscal apresentado pela equipe econômica petista ao afirmar que não há relação direta entre a aprovação da proposta e a redução da inflação ?como defendido pelo governo?, e manteve o tom conservador das últimas reuniões.

"Considerando a incerteza ao redor de seus cenários, o comitê segue vigilante, avaliando se a estratégia de manutenção da taxa básica de juros por período prolongado será capaz de assegurar a convergência da inflação", disse o BC no comunicado da decisão.

Após a divulgação, os mercados futuros registraram queda, especialmente os de vencimentos mais longos. Os contratos para janeiro de 2025 foram de 11,88% para 11,78%. Os para 2026 caíram de 11,58% para 11,44%, enquanto os de 2027 passavam de 11,64% para 11,52%.

Nesta quinta, o BCE (Banco Central Europeu) também elevou a taxa de juros da zona do euro em 0,25 ponto percentual, a 3,25%, também em linha com a expectativa do mercado. A presidente do banco, Christine Lagarde, afirmou que ainda há grandes riscos de alta para a inflação e sinalizou que não há previsões de pausa na escalada das taxas.

A decisão do BCE, que representou uma desaceleração após três aumentos consecutivos de 50 pontos, ocorre apenas alguns dias depois que dados bancários da zona do euro mostraram a maior queda na demanda por empréstimos em mais de uma década. Isso sugere que aumentos de juros anteriores estão afetando a economia e que as políticas do BCE agora estão restringindo o crescimento.


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