ISTAMBUL, TURQUIA (FOLHAPRESS) - A recuperação do setor aéreo no pós-pandemia no Brasil é mais lenta do que em países como Colômbia, México e Argentina, mostram dados da Iata (Associação Internacional de Transporte Aéreo).
Em fevereiro deste ano, os voos domésticos no Brasil levaram 2,4% a menos de passageiros, na comparação com fevereiro de 2019, antes da crise sanitária.
Já na Colômbia, o total de passageiros em fevereiro de 2023 foi 27,8% maior do que no mesmo mês de 2019. México, com 20,9% a mais, e Argentina, com 3,9% a mais, também estão em melhor situação.
Entre os países da região com recuperação mais lenta, há destaque para o Chile, onde o mercado atual ainda é 11% menor. Nos EUA, o total de passageiros transportados foi 1% abaixo do registrado em 2019.
"Vemos um recuperação forte na América Latina na maioria dos países, mas vemos algum efeito negativo agora por conta da situação econômica", disse Peter Cerdá, vice-presidente da Iata para as Américas, durante evento em Istambul.
Cerdá avalia que a recuperação mais forte de México e Colômbia ocorreu porque os dois países retiraram medidas de precaução contra a Covid meses antes do que os vizinhos.
Sobre o Brasil, ele ressaltou que o país tem hoje mais rotas aéreas do que antes da pandemia, com mais cidades atendidas, apesar de o número de passageiros ainda estar abaixo do nível anterior.
O vice-presidente da Iata fez várias críticas aos governos da região, por projetos para aumentar direitos dos consumidores e criar impostos sobre o setor aéreo. Segundo ele, no México, impostos representam até 60% do preço do bilhete, e na Argentina, as taxas podem chegar a 50% do total.
"O ambiente de operação é muito complexo. É uma região que tem passado por mudanças políticas e sociais significativas. A maioria dos países da região mudaram de governos de centro-direita para centro-esquerda, o que faz com que você se afaste da mentalidade mais pró-negócios em direção a políticas direcionadas ao social. A inflação subiu e o dólar ficou mais forte, o que enfraqueceu as moedas locais", avalia Cerdá.
Para ele, dependendo do cenário econômico e das decisões do governo, pode haver novas uniões entre empresas, como a ocorrida entre Avianca e Gol.
Questionado sobre o projeto do governo Lula de criar um programa para baratear o preço das passagens, Cerdá respondeu que a melhor forma de reduzir preços é fomentar a competição.
Dados da Iata mostram que o Brasil tem uma das menores taxas de voos per capita do continente, com 0,45 voo por pessoa por ano, o que mostra que há muita gente não atendida. Na Argentina, a taxa é de 0,6 voo por pessoa por ano. Nos EUA, o número é de 2,62 viagem por pessoa.
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