SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A Bolsa brasileira teve leve alta e garantiu o terceiro pregão consecutivo de ganhos nesta segunda-feira (5), apoiada por ações da Petrobras, em meio a alta do petróleo no exterior, e do setor bancário.

O dólar também caía, perdendo força após dados fracos da economia americana e com boas projeções para o crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) e de queda da inflação no Brasil, que apoiaram o real.

Com isso, o Ibovespa subiu 0,12% a 112.696 pontos, enquanto o dólar recuou 0,50% a R$ 4,929.

No domingo (4), a Arábia Saudita anunciou que vai cortar sua produção de petróleo em 1 milhão de barris por dia a partir de julho, como parte de um acordo com a Opep+ para tentar conter a queda do preço do produto.

Após o anúncio, o preço do barril de petróleo Brent subiu e fechou em alta de 0,32% nesta segunda, cotado a US$ 76,37.

A alta do petróleo no exterior favoreceu a Petrobras, que ajudou o Ibovespa a fechar no positivo. As ações ordinárias da companhia subiram 0,55%, enquanto as preferenciais registraram ganho 1,28%.

Apoiaram o Ibovespa, ainda, ações do Bradesco, do Banco do Brasil e do Itaú, que ficaram entre as mais negociadas da sessão com altas de 1,62%, 0,62% e 0,18%. Nesta segunda, o Credit Suisse revisou suas recomendações no setor bancário, movimentando os papéis.

A maior alta do dia foi da CVC, que subiu 10,83% após ter anunciado seu novo presidente-executivo e um acordo com o fundador para potencial aporte de R$ 75 milhões na empresa.

As ações da Vale, porém, pressionaram a Bolsa durante toda a sessão, e a mineradora fechou o dia com queda de 0,80% mesmo com alta dos contratos de minério de ferro no exterior, num movimento visto como uma correção de ganhos dos últimos dias.

Apesar do avanço tímido, a Bolsa brasileira segue sendo beneficiada pela melhora das projeções para o PIB, a inflação e os juros do país.

Na manhã desta segunda, o boletim Focus, do Banco Central (BC), mostrou um aumento na expectativa de crescimento da economia brasileira neste ano, com a estimativa para alta do PIB subindo de 1,26% para 1,68%.

O mercado prevê, ainda, que a Selic (taxa básica de juros) será reduzida em 0,50 ponto percentual em setembro, contra 0,25 ponto estimado antes, aumentando as apostas de um corte mais agressivo nos juros neste ano.

O presidente do BC, Roberto Campos Neto, disse nesta segunda que a inflação está melhorando, mas ponderou que o processo ainda está lento, principalmente no caso dos núcleos, que mede os preços menos voláteis.

Ele afirmou, ainda, que as expectativas de inflação de longo prazo estão altas e que o BC precisa "insistir".

Já o diretor de Relacionamento, Cidadania e Supervisão de Conduta do BC, Mauricio Moura, que também é um dos membros do Copom (Comitê de Política Monetária), reforçou as previsões de queda de juros ao dizer que a inflação do Brasil já está controlada e que a Selic vai voltar a cair.

"A taxa de juros vai voltar a cair em algum momento. A tendência é que em algum momento ela vai baixar, assim que as condições permitirem, ela vai cair", afirmou em estreia de uma live semanal promovida pela instituição.

Com isso, os mercados de juros futuros, especialmente os de prazos mais longos, voltaram a registrar queda. Os contratos com vencimento em janeiro de 2024 foram de 13,20% para 13,17%, enquanto os para 2025 saíram de 11,47% para 11,32%. Nos juros para 2026, as taxas foram de 10,79% para 10,62%.

Os dados econômicos fortalecem o real ante o dólar, que vem registrando quedas sucessivas nos últimos pregões, principalmente por conta da atração de recursos para o país.

"Houve um fluxo importante de investimento estrangeiro no Brasil, e as declarações de Campos Neto e de Moura de que a inflação está melhorando dão uma sensação de tranquilidade, o que pode impulsionar ainda mais esse movimento", diz Mariane Vas, economista da fintech Gorila.

As projeções econômicas apoiam a Bolsa justamente por atraírem investimentos em empresas do país. Já a queda dos juros beneficia principalmente os papéis de companhias mais ligadas à economia doméstica, como os setores de consumo e de construção.

O diferencial de juros do Brasil sobre os EUA, aliás, é um dos fatores que fortalece o real nesta segunda, diz o economista Rafael Pacheco, da Guide Investimentos.

Isso porque a principal aposta do mercado nesta semana é que o Fed deve manter os juros dos EUA inalterados em sua próxima reunião, marcada para 14 de junho, enquanto o corte da Selic no Brasil está previsto apenas para setembro. Nesse intervalo, a moeda brasileira ganharia força sobre o dólar, já que a renda fixa americana se tornaria menos atrativa.

O real pode ser apoiado, ainda, pelo aumento nos preços do petróleo, que fortalece moedas de países exportadores da commodity.

"As moedas latino-americanas em particular melhoraram ainda mais o desempenho, impulsionadas pelo retorno do apetite por risco nos mercados financeiros. Esperamos que as notícias do final de semana de que Arábia Saudita cortará a produção de petróleo forneçam suporte às moedas de commodities", disse Eduardo Moutinho, analista de mercado da Ebury.

Nos Estados Unidos, os principais índices acionários tiveram queda, e o dólar também recuou ante outras moedas fortes após dados econômicos fracos do país.

Nesta segunda, o Departamento de Comércio dos EUA divulgou que as encomendas às fábricas norte-americanas aumentaram 0,4% em abril, após um ganho de 0,6% em março. O percentual ficou abaixo do esperado pelos economistas consultados pela Reuters, de alta de 0,8%.

Já o ISM (Instituto de Gestão de Fornecimento) disse que seu PMI (pesquisa de Índice de Gerentes de Compras, na sigla em ing) do setor de serviços dos EUA caiu para 50,3 no mês passado, de 51,9 em abril. Economistas consultados pela Reuters previam 52,2.

Com isso, o índice DXY, que mede o desempenho da moeda americana ante outras divisas fortes, ficou estável, mostrando perda de força do dólar.

Já os índices acionários do país fecharam em queda. O Dow Jones, o S&P 500 e o Nasdaq caíram 0,59%, 0,20% e 0,09%, respectivamente.

O destaque do dia no mercado americano foram as ações da Apple, que atingiram a máxima histórica de US$ 184,91 antes de a empresa anunciar seu mais novo dispositivo de realidade aumentada. Após a divulgação do produto, porém, os papéis da companhia caíram e fecharam o dia com perda de 0,75%, a US$ 179,61.


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