SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A Bolsa brasileira fechou em alta nesta quinta-feira (15) ainda apoiada pelas projeções otimistas sobre a economia, embora tenha perdido força com um movimento de realização de lucros e de queda nas ações da Petrobras. O índice fechou com ganhos de 0,12%, aos 119.221 pontos, no melhor patamar desde outubro de 2022.
Já o dólar aprofundou as perdas e fechou em queda de 0,22%, a R$ 4,803, pressionado pela pausa nos juros americanos e pela melhora na perspectiva de longo prazo do Brasil pela agência de classificação de risco S&P Global.
No ano, a Bolsa brasileira acumula alta de 8,6%, enquanto a moeda americana teve desvalorização de 9%.
O Ibovespa e o real foram favorecidos na quarta (14) após o Fed (Federal Reserve, o banco central americano) ter mantido os juros do país em 5,25%, a primeira pausa na escalada das taxas americanas desde março de 2022.
O maior impulso, porém, veio no fim do dia, após a S&P elevar a perspectiva de longo prazo do Brasil de "estável" para "positiva". Tanto a Bolsa quanto a moeda brasileira aceleraram os ganhos nos últimos minutos do pregão, fazendo o Ibovespa e o dólar renovarem seus patamares máximo e mínimo, respectivamente.
Nesta quinta, o otimismo com os indicadores econômicos ainda beneficia ativos locais, mas um movimento de realização de lucros, ou seja, quando investidores vendem ações que se valorizaram rapidamente para efetivar os ganhos. Isso pressionou o Ibovespa, que manteve-se no patamar dos 119 mil pontos.
Assim, a Bolsa brasileira iniciou o dia em volatilidade, mas conseguiu consolidar uma leve alta puxada principalmente por ações da Vale, que subiram 0,84% seguindo os contratos futuros do minério de ferro na China, e do Itaú, que teve ganhos de 1,31% nesta quinta. Ambas estiveram entre as mais negociadas da sessão.
A Braskem teve a maior alta do dia, subindo 6,35% em meio a notícias de uma possível operação de compra de controle da petroquímica. Ações da Yduqs (5,57%) e da Hapvida (3,72%) figuram na sequência entre os maiores ganhos.
Pressionaram o Ibovespa, porém, as ações da Petrobras. A petroleira até começou o dia em alta, mas seus papéis passaram a cair após o anúncio de uma nova redução nos preços da gasolina nas refinarias, o que, segundo o economista Alexsandro Nishimura, sócio da Nomos, alimentou temores de ingerência política na companhia.
Com isso, a Petrobras teve queda de 1,18% em suas ações ordinárias e 2,32% nas preferenciais, retirando parte da força do Ibovespa.
A nova redução na gasolina, porém, pode ter efeitos positivos para a Bolsa nos próximos meses, como aponta a economista Cristiane Quartaroli, do Banco Ourinvest.
"A redução do preço da gasolina terá impacto baixista nas projeções de IPCA [índice oficial de inflação] de junho e de julho. É mais uma sinalização positiva para a economia brasileira, que têm contribuído para aumentar o apetite ao risco", diz ela.
As projeções menores de inflação vêm, de fato, apoiando o Ibovespa nos últimos pregões, em especial por reforçarem a aposta de que um corte da Selic está próximo, o que beneficiaria as empresas brasileiras.
Os juros futuros de curto prazo voltaram a registrar queda nesta quinta, com os contratos com vencimento em janeiro de 2024 indo de 13,04% para 13,02%. Os para 2025, porém, subiram de 11,12% para 11,14%, mas seguem em baixo patamar.
Além da Petrobras, a B3, que caiu 3,35% e teve as maiores perdas da sessão, também pressionou o Ibovespa na sessão de hoje, ficando entre as ações mais negociadas. A empresa passa por um momento de correção após ter registrado forte alta na quarta (14).
Para Naio Ino, gestor de renda variável da Western Asset, o desempenho no pregão refletiu "um pouco de ressaca" da véspera, um dia bastante positivo para a Bolsa, com algumas ações que subiram bem forte na quarta-feira devolvendo uma parte dos ganhos.
Nos Estados Unidos, o mercado digere dados de pedidos semanais de auxílio-desemprego e do setor de varejo, que ofereceram sinais mistos sobre a saúde econômica do país.
As vendas no varejo norte-americano tiveram alta inesperada em maio, apontando uma resiliência que casa com a percepção do Fed de que é necessário elevar ainda mais os juros para esfriar a economia e conter a inflação. Por outro lado, os pedidos de auxílio-desemprego vieram um pouco mais altos do que o esperado.
Com isso, os principais índices acionários americanos fecharam no positivo. O Dow Jones, o S&P 500 e o Nasdaq tiveram alta de 1,26%, 1,22% e 1,15%, respectivamente.
Já o dólar voltou a ter performance negativa tanto no Brasil quanto no exterior. O índice DXY, que mede o desempenho da moeda americana ante outras divisas fortes, caiu 0,78% nesta terça.
A moeda é impactada principalmente pela pausa nos juros promovida pelo Fed na quarta (14), já que um cenário de alta nas taxas tende a apreciar o dólar.
Isso porque, com um alto diferencial de juros, a renda fixa americana oferece retornos mais altos e atraem recursos estrangeiros para o país. Uma interrupção da escalada de juros diminui esse diferencial, o que, na lógica inversa, deprecia o dólar.
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