BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - Menos de 1% das empresas brasileiras exportam suas mercadorias, mas elas respondem por cerca de 15% dos empregos formais do país. Essa é uma das conclusões de um estudo realizado pela Secex (Secretaria de Comércio Exterior) do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços traçando uma radiografia do comércio exterior brasileiro.
A pesquisa aponta que, das 2,8 milhões de empresas ativas no Brasil em 2020, 24,9 mil são firmas exportadoras de bens -o que representa apenas 0,88% do total. Esse percentual permaneceu relativamente estável desde 2010, quando a participação era de 0,78%. A magnitude é semelhante a de outros países da América Latina.
Apesar da fatia restrita, essas companhias são responsáveis diretas por cerca de 5,2 milhões de empregos com carteira assinada. Na amostra em estudo, não estão incluídas empresas que exportam indiretamente, por exemplo, aquelas que produzem insumos para essas companhias.
A pesquisa foi construída com base em dados da Secex, da Rais (Relação Anual de Informações Sociais) e da Receita Federal.
Embora os países da América Latina continuem sendo os principais destinos das exportações brasileiras -61% das companhias do país escolheram comercializar seus produtos com nações dessa região em 2020-, o intercâmbio com outros mercados vem crescendo nos últimos anos.
Entre 2018 e 2020, houve alta de 24% no número de firmas brasileiras que exportam para a China. Com destino aos Estados Unidos, o crescimento foi de 21%. Já para a União Europeia, o aumento foi de 16%. Em contrapartida, o número de companhias exportando para o Mercosul foi o que menos variou no período, com elevação de cerca de 2%.
Na leitura de Tatiana Prazeres, secretária de comércio exterior do Mdic, a atratividade de exportação para grandes mercados, apesar das altas tarifas que as empresas brasileiras enfrentam para determinados mercados, ajuda a entender essa tendência.
Ela ressalta que a formalização de acordos comerciais com novos mercados tem o potencial de incentivar o número de exportadoras no país.
"Fazer acordos com economias grandes faz ainda mais sentido à luz do que a gente viu aqui, porque as empresas olham para o nível de tarifas e também para o tamanho do mercado", afirmou.
"Se a gente olhar para os dois fatores, existência de barreiras e tamanho de mercado, faz sentido que você busque acordos comerciais com economias que são de PIB [Produto Interno Bruto] mais elevado", acrescentou.
O Brasil tem realizado esforços recentes nesse sentido, com a vigência de novos acordos comerciais entre 2010 e 2020.
Hoje, a principal discussão fica por conta do tratado entre o Mercosul e a União Europeia, que vive um impasse. Com as negociações concluídas desde 2019, no primeiro ano do governo de Jair Bolsonaro (PL), o texto ainda não foi ratificado pelos dois blocos e continua em negociação.
Prazeres destaca também que o panorama traçado pelo estudo colabora para a formulação de políticas públicas. Os dados indicam uma correlação entre as empresas que vendiam para o exterior e o perfil de seus funcionários, mostrando que essas companhias empregam pessoas mais qualificadas e pagam salários mais altos. Em geral, as firmas que vendem mercadorias para destinos de maior renda oferecem maior remuneração.
Em termos de concentração regional, cerca de 90% das companhias que exportaram no país em 2020 concentravam-se nas regiões Sudeste e Sul. Neste contexto, São Paulo (42,8%) e Rio Grande do Sul (11,1%) representam juntos mais da metade das firmas exportadoras do país.
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