MADRI, ESPANHA (FOLHAPRESS) - A estratégia do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) durante a cúpula Celac-UE, em Bruxelas, na Bélgica, é chamar o máximo de atenção possível para o comprometimento do Brasil em relação à sustentabilidade, de forma que isso ajude a abrir caminho para a assinatura final do acordo entre Mercosul e União Europeia até o final deste ano.

Nos dois pronunciamentos que fez nesta segunda (17), Lula destacou o tema e até repetiu sentenças, como essa: "O Brasil já possui uma matriz energética das mais limpas do planeta: 87% de nossa eletricidade já provem de fontes renováveis, contra 27% da média mundial, e 50% de toda a nossa energia é limpa, enquanto no mundo a média é 15%".

No discurso de abertura do fórum empresarial da cúpula, o presidente afirmou que "iremos melhorar ainda mais esses números, porque estamos dando prioridade à geração de energia solar, eólica, biomassa, etanol e biodiesel. Também é enorme o nosso potencial de produção de hidrogênio verde".

Ele citou diretamente o Mercosul. "Um acordo entre Mercosul e União Europeia equilibrado, que pretendemos concluir ainda este ano, abrirá novos horizontes." A cúpula em Bruxelas reúne líderes dos 33 países da Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac) e os 25 da União Europeia (UE).

"Queremos um acordo que preserve a capacidade das partes de responder aos desafios presentes e futuros", acrescentou. Lula se referia ao fato de que, apesar de as negociações para o acordo terem sido concluídas em 2019, em março deste ano, a UE enviou novo documento, que prevê sanções em questões ambientais.

Na sexta (14), o Brasil compartilhou com os demais países do Mercosul uma contraproposta a esse texto. Se aprovado no bloco, o documento segue de volta para a UE.

"Somos detentores de um patrimônio natural único em termos de florestas, biodiversidade e água doce. Esta condição nos torna responsáveis pela gestão de riquezas cuja preservação e exploração sustentável, de forma inclusiva, é imperativo nacional", continuou Lula, no mesmo discurso.

"Nos mandatos anteriores, reduzimos o desmatamento em 80%. Dessa vez assumimos o compromisso de eliminar o desmatamento na Amazônia até 2030, e já nesse primeiro semestre o reduzimos em 34% em relação ao ano passado. Estamos lançando as bases para a reindustrialização do país com empreendimentos com menos poluentes, com maior densidade tecnológica e com geração de empregos verdes e de qualidade."

"O Brasil voltou ao cenário internacional para contribuir no enfrentamento dos desafios do nosso planeta, como a crise das mudanças climáticas e o aumento das desigualdades. Vamos provar, como já fizemos no passado, que é possível produzir e crescer de forma sustentável e eficiente."

No outro pronunciamento, ao lado da presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, a tática do brasileiro se manteve.

"Neste ano, ao apresentarmos agora no mês de agosto um programa de desenvolvimento do Brasil, estará incluído nesse programa um grande programa de transição energética. Programa esse que nós queremos convidar a União Europeia a participar, porque será possivelmente o mais profundo programa de transição energética feito nessa época num país em desenvolvimento."

"O Brasil, todo mundo sabe, vai cumprir com sua parte na questão do clima. Nós temos um compromisso com o desmatamento zero na Amazônia até 2030. Esse é um compromisso assumindo antes, durante e depois de uma campanha política", disse Lula.

Quanto a von der Leyen, ela anunciou investimentos de EUR 45 bilhões (R$ 242 bilhões) na América Latina e no Caribe, como parte do programa Global Gateway.


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