ROI DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) - A direção da Petrobras avalia que a conclusão das negociações sobre compra do controle da petroquímica Braskem deve ficar apenas para 2024, dada a complexidade da análise econômica do ativo, que hoje é disputado por três grandes grupos.
A fatia está sendo vendida pela Novonor, ex-Odebrecht, que já tem propostas da Unipar, da J&F e de consórcio formado pelo fundo Apollo e pela Adnoc. Sócia da Braskem, a Petrobras está avaliando a operação, mas ainda não decidiu como se posicionar.
"O assunto muito quente na mídia, é natural, por ser uma empresa de excelência. Mas a meu ver está longe de ser resolvido, os bancos não se pronunciaram, nem os credores, nem a Novonor se pronunciou", disse o diretor Financeiro da Petrobras, Sérgio Caetano Leite, em café da manhã com jornalistas.
A Petrobras pode decidir tanto por vender sua fatia pelo mesmo preço aceito pela Novonor quanto por comprar a fatia da ex-Odebrecht pelo valor da melhor oferta. A decisão final, porém, será tomada sob orientação do governo federal, acionista majoritário da estatal.
Leite defendeu que o setor petroquímico é hoje prioritário para empresas de petróleo que esperam sobreviver à transição energética. A Petrobras vê também sinergias de suas operações com as da Braskem, que tem unidades industriais no Brasil, nos Estados Unidos e no México.
Até o momento, as melhores ofertas preliminares pelo controle da empresa são de R$ 10 bilhões, propostos tanto pela J&F quanto pela Unipar. A confirmação das propostas, porém, depende ainda do processo de "due dilligence", que consiste na avaliação detalhada dos números de uma companhia.
Para Leite, esse processo levará um mínimo de seis meses. Depois, a Petrobras ainda precisará analisar as ofertas para definir se exerce os direitos de preferência pelas ações ou de venda de sua fatia pelo mesmo preço, procedimento conhecido como "tag along".
Questionado sobre o negócio, o presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, disse que a estatal será a última a se manifestar. "É parte da estratégia de ter o direito de preferência. A gente tem o privilégio de poder ser o último a dizer alguma coisa", afirmou.
A volta ao setor petroquímico já foi incluída nas diretrizes estratégicas da Petrobras sob a gestão petista. No café da manhã desta quarta-feira (19), a direção da empresa anunciou que estuda investimento em uma planta em Itaboraí, na região metropolitana do Rio de Janeiro.
A ideia é usar os grandes volumes de eteno que serão gerados pelo tratamento do gás natural do pré-sal que começa a chegar na área do antigo Comperj (Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro) a partir de 2024.
Prates afirmou ainda que a companhia realiza em novembro o primeiro teste de uma nova tecnologia para a produção de petroquímicos a partir de óleos vegetais no Rio Grande do Sul, na tentativa de inaugurar uma nova rota menos poluente na produção de plásticos.
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