SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Após os clientes do Itaú sofrerem na segunda-feira (8) com a instabilidade no aplicativo e nos sistemas das agências físicas, o presidente do banco, Milton Maluhy Filho, disse ter se tratado de um evento pontual e descartou que tenham ocorrido ataques externos.

"Sobre o evento de ontem, foi um tema pontual, numa aplicação interna do banco que acabou degradando o resto do ambiente. Trabalhamos longamente com as equipes mobilizadas para tentar recuperar e tomou um pouco mais tempo do que a gente imaginava", afirmou o executivo durante conversa com jornalistas nesta terça-feira (8) para comentar os resultados do banco no segundo trimestre.

Maluhy Filho acrescentou que a gestão do banco ficou chateada com a situação e pediu desculpas aos clientes e parceiros pela instabilidade, mas disse também que eventos inesperados fazem parte do negócio.

"A gente não trabalha para ter esse tipo de evento, mas eventos acontecem. O que temos que tirar é lição, que lição aprendemos e como evoluímos a nossa gestão para que isso não aconteça novamente. A única certeza que eu tenho é que problemas virão, o que a gente precisa ter são problemas diferentes e aprender com os erros", afirmou o presidente do Itaú.

Sobre as perspectivas para o segundo semestre do ano, Maluhy Filho disse que enxerga avanços positivos na direção correta na agenda econômica do governo conduzida pelo ministério da Fazenda.

"Todo trabalho que vem sendo feito pelo ministro da Fazenda [Fernando Haddad] e pela equipe econômica e o próprio Banco Central estão na direção absolutamente correta", afirmou o executivo, que citou a aprovação do arcabouço fiscal e a manutenção da meta de inflação pelo CMN (Conselho Monetário Nacional) como medidas importantes que podem contribuir para o crescimento sustentável da economia nos próximos anos.

O executivo disse que, durante os últimos trimestres, o banco adotou uma gestão de risco considerada adequada diante do ciclo da atividade, com redução no apetite para conceder crédito em segmentos menos resilientes e mais voláteis, privilegiando nichos menos suscetíveis aos altos e baixos da economia, como os clientes de alta renda.

Segundo Maluhy Filho, se o banco não tivesse revisto o modelo de concessão de crédito nos últimos anos, a taxa de inadimplência dos clientes estaria 1,8 ponto percentual acima dos 3% alcançados em junho de 2023.

Ele assinalou ainda que foi fundamental ter promovido um ajuste do apetite em um momento de sobreoferta de crédito, especialmente na área de cartão de crédito. Disse também que espera que as reservas para se precaver contra possíveis calotes dos clientes deve se estabilizar próximo ao patamar atual ?no segundo trimestre, a despesa de provisão para créditos de liquidação duvidosa totalizou R$ 9,6 bilhões, alta de 23% em bases anuais.

À frente, a expectativa é que o ciclo de aperto monetário traga alguma moderação no ritmo de expansão econômica, mas com o início de uma retomada aberto pela queda dos juros.

"O banco está muito bem posicionado para aproveitar as oportunidades que virão e o que a gente imagina nesse segundo semestre é um início de atividade mais forte para o mercado de capitais", afirmou.

Ele disse ainda que, para a segunda metade do ano, tem a expectativa de que seja editada uma resolução do Banco Central relativa ao nível de capital que o banco precisa manter para se proteger contra choques externos.

A nova regra, prevê o executivo, pode permitir uma redução em torno de 1 ponto percentual no nível de capital reservado pelo banco, hoje em torno de 13%. Confirmadas as projeções, o Itaú poderá reduzir o nível de capital e, com isso, aumentar o pagamento de juros sobre o capital próprio aos acionistas, disse Maluhy Filho.

RECORRÊNCIA DO DESENROLA PODE CRIAR RISCO MORAL NO MERCADO, DIZ PRESIDENTE DO ITAÚ

O presidente do Itaú abordou também durante a coletiva o programa Desenrola voltado para a renegociação de dívidas. Segundo Maluhy Filho, até aqui, o banco renegociou cerca de 200 mil contratos e desnegativou aproximadamente 630 mil CPFs.

O executivo enalteceu a importância do programa para aliviar as finanças das famílias e da educação financeira para que os clientes tomem as melhores decisões para gerir o orçamento.

Ele ressaltou, no entanto, que esse é um programa que vem na esteira dos anos de pandemia, quando os juros baixos estimularam a contratação de crédito pela população, e que o Desenrola não deve ser algo recorrente.

Maluhy Filho afirmou que uma eventual recorrência na realização do programa poderia gerar uma espécie de "risco moral", de o cliente deixar de pagar as contas contando que terá a oportunidade de fazer a renegociação em condições vantajosas mais à frente.


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