BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, disse nesta quinta-feira (17) que a barreira para intensificar os cortes de juros é elevada e reafirmou a estratégia de reduções de 0,5 ponto percentual na taxa básica (Selic) nas próximas reuniões do Copom (Comitê de Política Monetária).

"A barra para aumentar o ritmo é bastante alta, a gente enxerga um ciclo em que o ritmo de 0,5 ponto percentual é apropriado", afirmou Campos Neto, em entrevista ao site Poder360.

"Estamos olhando as expectativas de inflação, a dinâmica de inflação corrente, o hiato [do produto], que é capacidade de o país crescer sem gerar inflação. Estamos dizendo que a barra é alta para mudar esse ritmo de 0,5 ponto tanto para cima quanto para baixo", acrescentou.

A fala veio alinhada com o discurso da diretora de Assuntos Internacionais e de Gestão de Riscos Corporativos do BC, Fernanda Guardado. Na terça-feira (15), ela disse que as surpresas teriam de ser "muito substanciais" para justificar uma mudança em relação ao plano de voo que foi antecipado.

No início de agosto, o Copom anunciou o primeiro corte de juros no governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT), com a redução da Selic em 0,5 ponto percentual ?de 13,75% para 13,25% ao ano.

O tamanho do afrouxamento gerou divergências e o placar final ficou apertado (5 a 4). Os membros do comitê, contudo, foram unânimes em antever novas quedas de 0,5 ponto nas próximas reuniões.

Na ata da última reunião, o colegiado do BC disse julgar como "pouco provável" uma intensificação adicional de flexibilização da Selic.

Para reconsiderar essa posição, a autoridade monetária citou a necessidade de uma "alteração significativa dos fundamentos da dinâmica da inflação" e colocou algumas condições.

Entre elas, mencionou uma melhora "bem mais sólida" das expectativas de inflação, uma abertura "contundente" do hiato do produto ou uma dinâmica "substancialmente mais benigna" do que a esperada da inflação de serviços. O hiato do produto é uma variável que mede o grau de ociosidade da economia pela diferença entre o crescimento potencial e o efetivo da atividade.

Devido ao alto patamar de juros no país, o BC se tornou alvo de ataques por parte do governo Lula. Para Campos Neto, a autoridade monetária está passando pelo seu "primeiro grande teste" de autonomia, aprovada em 2021, em um país onde o ambiente é polarizado.

O presidente do BC disse também que, em meio às críticas, não pensou em deixar o comando da instituição e que está aberto para conversar com Lula.

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