SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O presidente do conselho de administração do BTG Pactual, André Esteves, afirmou que, ao final do ciclo de cortes da Selic iniciado no começo do mês pelo BC (Banco Central), a taxa básica de juros poderá estar em um patamar entre 7% e 8% ao ano.
No boletim Focus, as projeções dos economistas indicam a Selic em 9% no fim de 2024 e em 8,5% em 2025.
O Brasil que figura como recordista em nível de taxa de juros alta "está ficando para trás", disse o executivo, durante evento realizado pelo banco nesta quinta-feira (17).
Segundo Esteves, o país fez uma série de reformas econômicas importantes ao longo dos últimos anos que abre espaço para uma taxa de juros menor do que a média histórica e para um crescimento potencial do PIB (Produto Interno Bruto) também mais alto.
A reforma da Previdência e a trabalhista, o marco do saneamento, a nova lei de falências e a independência do BC foram citadas pelo executivo entre as medidas que contribuem para um ambiente macroeconômico mais positivo para o Brasil.
"Talvez a gente esteja com um PIB potencial maior do que a gente imaginava", afirmou o banqueiro, em referência às revisões em sequência nas projeções de economistas para a expansão da economia. As estimativas indicavam um crescimento pouco abaixo de 1% para 2023, e hoje estão mais próximas de 2,5%.
Esteves afirmou ainda que o governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) começou com certa "cacofonia", com algumas ideias antigas para o desenvolvimento da economia, mas que as ações que foram tomadas até aqui vieram na direção correta. "As ideias foram ruins, mas as ações não foram", disse ele.
O arcabouço fiscal e a reforma tributária, bem como a manutenção da meta de inflação em 3% pelo CMN (Conselho Monetário Nacional) foram lembradas entre as medidas que agradaram os agentes financeiros nos últimos meses.
Questionado sobre a atuação dos bancos públicos no governo Lula, o banqueiro do BTG afirmou que é preciso ter cautela em relação ao papel do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social).
"Às vezes tem uma falsa sensação de que ter banco de desenvolvimento pode significar que teremos desenvolvimento. Isso parece uma verdade, mas não é", afirmou Esteves.
Ele acrescentou que ter um banco de desenvolvimento focado e com um corpo técnico qualificado, "como o Brasil tem", é um privilégio. "Agora, não pode abusar desse privilégio", comentou o banqueiro, acrescentando que o mercado de capitais se desenvolveu de forma relevante no país ao longo dos últimos anos, tendo se tornado uma opção para que muitas empresas busquem se financiar via emissões de dívidas ou de ações.
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