SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O sucesso do Desenrola, programa do governo federal de renegociação de dívidas, joga luz para um problema persistente no Brasil, que é o endividamento, segundo a presidente da Caixa Econômica Federal, Rita Serrano.

"O endividamento é grande, e você continua com uma taxa de juros muito alta. Então, o Desenrola é só uma etapa para resolver um problema que é maior", disse Serrano, nesta terça-feira (22), durante a 24ª Conferência Anual Santander.

Serrano destacou a importância do programa de renegociação de dívidas para tirar famílias do negativo. Ela afirmou que o Desenrola tem potencial de recolocar as famílias no mercado de crédito, função essa das instituições financeiras. Mas afirmou que isso só vai acontecer efetivamente com juros baixos.

"Mesmo com a baixa da [taxa] Selic que aconteceu na última reunião do Copom [Comitê de Política Monetária], eles continuam altos para um cenário de ampliação do crédito", disse.

A Caixa Econômica Federal bateu recorde nesta terça na renegociação de dívidas, com 100 mil contratos no programa Desenrola.

Segundo Serrano, esse número representa R$ 1,7 bilhão de dívidas. Mais de 90% foram pagamentos à vista. "Não deu nem um mês de quando lançou o programa até agora. Então, é um programa que de fato é um sucesso".

POUPANÇA

Serrano também demonstrou preocupação com a perda de depósitos em poupança, que, segundo ela, é uma das principais formas de captação de recursos financeiros com custo mais barato para investimento em aplicação.

"Eu tenho dúvidas se o problema é só a taxa de juros ou se o produto ainda vai continuar atraente diante de tantas outras opções [de investimentos], que principalmente os mais jovens têm hoje", disse.

Segundo Serrano, a Caixa é o banco que mais vem perdendo com a queda nos depósitos nesse produto.


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