SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O dólar abriu em alta de 0,39% nesta quinta-feira (24) com investidores atentos ao início do Simpósio de Jackson Hole, que reúne chefes dos principais bancos centrais do mundo.
A expectativa recai sobre o discurso de Jerome Powell, presidente do Fed (Federal Reserve, o banco central americano), que deve dar pistas sobre o futuro da política de juros dos Estados Unidos. Temores sobre uma possível nova alta nas taxas do país ainda neste ano levaram pessimismo ao mercado nas últimas semanas, e o pronunciamento de Powell deve dar mais segurança aos investidores.
Enquanto aguarda o discurso, o mercado financeiro abriu com a venda do dólar cotada a R$ 4,8759, às 9h05 desta quinta-feira.
Na quarta (23), a Bolsa brasileira teve forte alta de 1,70% e recuperou os 118 mil pontos com alívio no exterior e a aprovação do novo arcabouço fiscal no Congresso. O projeto de lei que põe fim ao teto de gastos teve apoio de ampla maioria na Câmara e, por já ter passado pelas duas Casas, segue para sanção presidencial.
Já o dólar registrou queda de 1,67% e terminou o dia cotado a R$ 4,856, também impactado pela aprovação das novas regras fiscais. A moeda americana foi pressionada, ainda, pela redução de temores sobre a política de juros nos Estados Unidos após a divulgação de dados econômicos fracos no país.
As curvas de juros futuros do Brasil também tiveram forte queda. Os contratos com vencimento em janeiro de 2025 foram de 10,53% para 10,43%, enquanto as para 2027 foram de 10,37% para 10,18%.
Nesse cenário, a Bolsa brasileira atingiu os 118.134,59 pontos, impulsionada pelas ações da Petrobras, que registrou ganhos de 5,45% em seu papéis preferenciais e de 5,73% nos ordinários. A empresa foi beneficiada por elevações de recomendação de compra do BTG Pactual e do Bank of America, mesmo em dia de declínio do petróleo no exterior.
A Vale também foi um dos apoios do Ibovespa, registrando alta de 0,89% em meio ao avanço dos contratos futuros de minério de ferro. Ganhos de Eletrobras (7,30%) e Itaú (1,54%), que completaram a lista de mais negociadas da sessão, davam fôlego ao índice.
A forte alta da Eletrobras teve como pano de fundo o anúncio da companhia sobre o início de estudos para a incorporação da subsidiária Furnas, numa tentativa de simplificar sua estrutura societária e governança.
O destaque negativo ficou novamente com o setor de varejo. Perdas de Via (2,99%) e Carrefour (1,86%) ficaram entre as maiores da sessão, e as ações do GPA tiveram forte queda de 19,18% após completar a cisão de sua participação no grupo Éxito. Analistas avaliam, porém, que a separação irá destravar valor no GPA.
Para Lucas Almeida, especialista em mercado de capitais e sócio da AVG Capital, o varejo tem sofrido com uma aversão do mercado sobre o setor.
"Os investidores estão mais cautelosos com as ações de varejo devido a dados anteriores, do mês de julho, que mostraram uma desaceleração nas vendas e condições de crédito mais apertadas, que podem afetar os resultados das companhias e atrasar uma retomada dos preços das ações mesmo em cenário de queda de juros", afirma Almeida.
Nos Estados Unidos, a S&P Global informou que seu índice PMI, que acompanha os setores de indústria e serviços, caiu para 50,4 em agosto, ante 52 em julho, registrando a maior queda desde novembro de 2022. Os dados apontaram ritmo fraco de crescimento da atividade empresarial dos EUA
Segundo operadores, essa leitura pode diminuir a possibilidade de o Federal Reserve optar por uma trajetória de política monetária mais restritiva do que o esperado pelos mercados ?cenário que, somado a sinais de fraqueza econômica na Europa e na China, tenderia a sustentar o dólar.
Após a divulgação dos dados, o dólar registrou queda ante outras divisas fortes, depois de ter tocado uma máxima em dois meses.
Além disso, os índices de ações americanos operavam em forte alta. O S&P 500, o Dow Jones e o Nasdaq avançavam 1,10%, 0,54% e 1,59%, respectivamente
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